A pandemia de Covid-19 mudou tudo. Afetou todos nós em todo mundo. Em apenas seis meses, há mais de 24 milhões de casos confirmados de COVID-19 e mais de 830.000 mortes ao nível global. Hoje, vivemos num mundo repleto de incertezas sobre a nossa saúde, a nossa vida em sociedade e a economia.
O vírus SARS-CoV-2 não reconhece nacionalidades, fronteiras ou tendências políticas. Contudo, os efeitos da pandemia não são distribuídos igualmente. O risco é maior nos bairros e países mais pobres. É particularmente grave para aqueles que já se encontram em situação de vulnerabilidade
A epidemia expôs fragilidades nos sistemas de saúde, não apenas na sua resposta às ameaças emergentes à saúde pública, mas também no acesso equitativo a serviços de saúde a todos os cidadãos. Se estas fragilidades já existiam, torna-se impossível não as ver e confrontar hoje
Hoje, mais de metade da população mundial não tem acesso a serviços de saúde e 100 milhões de pessoas caem na extrema pobreza por causa de despesas de saúde todos os anos. Mais de 2,2 biliões não têm acesso à água e 4,2 biliões ao saneamento básico, impossibilitando as pessoas de tomar medidas preventivas mais básicas e eficazes como a lavagem frequente das mãos.
Todos entendemos agora que a nossa saúde e a forma como vivemos podem ser colocadas em risco por acontecimentos do outro lado do mundo, por mais longe que isso nos pareça. Estamos todos interligados e somos todos interdependentes.
Com a pandemia percebemos a extensão da nossa interligação e da nossa interdependência como humanidade. Quando uma parte desse todo sofre, todos nós sofremos. Revitaliza-se assim a necessidade de defender ainda mais vigorosamente a igualdade na saúde para todos.
Enquanto mantemos o distanciamento físico, torna-se necessário fortalecer a nossa conectividade social. Precisamos de um espírito comunitário, paradoxalmente nascido desse distanciamento, que faz com que olhemos para fora das nossas próprias casas, e apoiemos os nossos vizinhos, os mais próximos e os mais distantes.
As sociedades devem unir-se e reforçar a colaboração efetiva entre os diferentes setores público, privado e social. De forma criativa e intencional, trata-se de unir as pessoas para uma visão justa e inclusiva do nosso mundo.
A pandemia de Covid-19 testou os limites da cooperação global. Sem a solidariedade global para reforçar a resiliência dos sistemas de saúde, muitas pessoas permanecem fora do alcance de esforços efetivos para conter esta Pandemia. A pandemia atual destaca a necessidade de construir uma comunidade global mais bem preparada, assim como aumentar a importância da preparação e desenvolvimento de sistemas de saúde mais resilientes.
A pandemia de Covid-19 ensinou- nos que a saúde é a base da economia. À medida que os países iniciam o caminho para a recuperação, torna-se urgente reconhecer a interligação entre a saúde, a equidade e a economia.
Podemos sair daqui com um respeito mais saudável pelo meio ambiente e pela nossa humanidade comum. A constatação de que todos os sistemas de saúde são vulneráveis e interligados pode aumentar a possibilidade de aprendizagem mútua entre os países e conseguir os avanços científicos necessários para a resposta global à pandemia.
Com a saúde e a economia ameaçadas, torna-se claro que os riscos globais exigem soluções que envolvem todo os países e todas pessoas como parceiros iguais.
A resposta à pandemia passa pelo reconhecimento da nossa humanidade comum, do nosso destino partilhado e dos determinantes sociais e económicos da saúde no mundo em que vivemos.