Vivemos numa altura com grandes desafios para os pais. O mundo muda numa velocidade estonteante e aquilo que era considerado correto numa altura, já está desatualizado e errado passado um ano ou dois. Talvez todos os pais de todas as gerações digam o mesmo: “Nunca houve uma geração tão difícil como esta” e talvez tenham razão. A verdade é que os telemóveis, a internet e as redes sociais criaram um novo mundo e um desafio para a educação dos nossos filhos que pode ser assustador para os pais. E não existe país onde sintam mais esse medo e o encarem da pior maneira possível que os EUA.
Acham correto os pais lerem as mensagens privadas dos filhos? Terem acesso as suas contas de social media e controlarem-nas? Escolhendo os amigos que o filho pode ou não seguir? Às vezes chegando ao ponto de escrever mensagens a fazerem-se passar pelos filhos? Pois por cá isto é tudo não só aceitável, como perfeitamente natural. Estranho é um pai que não o faça. É o mesmo que deixá-lo andar de bicicleta sem capacete e GPS. Só pais irresponsáveis. Quando eu explico que prefiro conversar com os meus filhos e explicar-lhes os riscos da internet, já começam a olhar para mim de lado. Quando eu digo que acredito que os nossos filhos têm direito à sua privacidade e que os pais não são suposto saber tudo o que os filhos fazem, eles ficam a olhar para mim como se eu fosse uma hippie tresloucada que não controla os filhos.
Só que aí está a contradição – olham para os meus filhos e não conseguem ver nada de errado com eles. A mãe não lhes controla cada movimento que fazem, mas eles agem normalmente. Não são uns anjinhos de coro, mas usam menos palavrões que a média, tratam as pessoas com respeito e ainda não se juntaram a ISIS. E aqui chegamos à questão central que os pais de cá ainda não perceberam – não existe controlo. Ninguém controla os filhos. Se eles quiserem portar-se mal, portam-se. Nem que seja no recreio da escola. Acham que eles não sabem dar a volta a esse controlo? Quando eu disse aos meus filhos – “Tenham cuidado com o que escrevem, pois algumas mães lêem tudo o que vocês escrevem.” Eles responderam – “Mas esses são os piores! Os bullies, os que usam mais palavrões.” E as mães acham que eles são uns santos de altar. Porque elas controlam a situação.
Talvez o mesmo se passe em Portugal nestes dias. Espero que não. Por cá vou fazendo amigas que obedecem a alguns estereótipos. A russa que tem o filho em aulas extra de matemática, dança, teatro, piano e tudo o que possa caber no seu horário. É muito divertida e como gostamos ambas de literatura, damo-nos bem. A indiana, filha de uma estrela de Bollywood e cujo filho é um génio da matemática. A inglesa sempre bem educada e formal que controla o filho em absoluto (claro sem contar as mensagens que o filho envia com mais palavrões do que palavras normais). A grega, sempre com um sorriso na cara e sempre pronta para falar sobre culinária. A americana cujo filho nunca comeu um prato de cereais e que ficou horrorizada com os brigadeiros que servi na festa de ano da minha filha. São todas amorosas e divertimo-nos imenso nos cafés que tomamos. E assim vive-se nos EUA.
VISTO DE FORA
Dias sem ir a Portugal: 63
Nas notícias por aqui: Eleições presidenciais obviamente
Sabia que… por cá as casas são todas feitas em Madeira, mesmo aquelas que parecem que são de tijolo? Daí a paranóia com fogos com exaustores e alarmes por todo o lado…
Um número surpreendente: mais de 280cm de neve caíram em Boston no Inverno de 2015/16