Se alguém lhe disser que o vai “empurrar” para a empatia, ou para a meditação, ou ainda para o bem-estar, o que ficará a pensar dessa pessoa? Que, provavelmente, quer obrigá-lo a fazer algo à maneira dela, ou que
não irá respeitar o seu espaço e poder de decisão. Certo?
Fique descansado, ninguém irá interferir no seu livre arbítrio. O “Empurrão Emocional” é uma forma de ajudarmos o nosso próprio cérebro a tomar as melhores decisões, bem como facilitar a inteligência emocional, nos momentos que mais precisamos.
Neste artigo irei revelar alguns nudges (pequenos empurrões, traduzido do inglês) que poderá usar no seu quotidiano, ou no ambiente de trabalho, para que o seu cérebro crie menos resistências à capacidade de responder aos desafios e frustrações, com mais empatia e serenidade.
A inteligência emocional é uma habilidade fundamental para o sucesso pessoal e profissional. É a capacidade de identificar, entender e gerir as nossas próprias emoções, bem como as emoções dos outros. A neurociência tem desempenhado um papel importante na compreensão da inteligência emocional, e como podemos melhorá-la.
Envolve o processamento de informações emocionais em várias áreas do cérebro. A amígdala, por exemplo, é uma região importante para a deteção de ameaças, enquanto o córtex pré-frontal está envolvido no controle emocional e na tomada de decisões. A conexão entre estas áreas do cérebro é essencial para a inteligência emocional, e é perdida em momentos de stress e ansiedade.
Um estudo de 2015, publicado na revista Emotion, mostrou que pessoas com alta inteligência emocional relataram menos sintomas de ansiedade e depressão. Um outro estudo de 2016, publicado na revista Psychoneuroendocrinology, mostrou que pessoas com alta inteligência emocional tinham níveis mais baixos de cortisol, a hormona do stress. Tudo isto é muito interessante até chegarmos à prática. Na hora H, esquecemos de respirar fundo, de acalmar os nervos, de colocar no lugar do outro, de usar as palavras certas, temos maior dificuldade em tomar decisões sábias, e por aí fora.
Nas sessões de neurociência aplicada, ajudo muitas pessoas a criar um novo hábito de inteligência emocional, de forma simples e fácil para o cérebro, para que o mesmo não crie resistência à aplicação destas virtudes que todos gostamos de ter, como empatia, assertividade, poder de decisão, nos momentos mais críticos do nosso dia, ou em negociações.
É aqui que entra o nudge, uma forma de modular o ambiente, com a finalidade de nos lembrar mais frequentemente da nossa capacidade de relaxar, de respirar, de pensar com clareza, de superar obstáculos, de ter mais autocontrole, habilidades de comunicação e de reagir com empatia.
Nudge é um termo utilizado em economia comportamental para descrever pequenos empurrões, ou intervenções, que influenciam as escolhas de forma positiva, sem limitar a liberdade de escolha.
Quando se trata de nudge e inteligência emocional, podemos pensar em como intervenções subtis podem ser projetadas para promover escolhas mais saudáveis e emocionalmente inteligentes. Aqui estão alguns exemplos de como a inteligência emocional e os nudge podem ser combinados:
Na gestão financeira: criação de ferramentas de planeamento financeiro que incentivam a reflexão sobre os valores pessoais, as verdadeiras necessidades e os objetivos de vida.
Na alimentação saudável: colocação de frutas e legumes em locais proeminentes em casa, em cantinas, incentivando a escolha desses alimentos. Também pode criar um alarme antes das refeições, para considerar as emoções que está a sentir antes de comer, aumentando a consciência da fome emocional.
Nas redes sociais: colocar temporizadores para desligar as aplicações, ajudando o cérebro a parar, pois ele permanece sem a noção do tempo, quando está distraído.
No exercício e movimento: pode usar uma aplicação que o lembra de se levantar e mover-se, periodicamente, o que pode ajudar a aliviar a tensão muscular e a reduzir a ansiedade.
Esses são apenas alguns exemplos de como usar os “pequenos empurrões” para incentivar comportamentos mais saudáveis e emocionalmente inteligentes. A combinação dessas duas abordagens pode ajudar a fazer escolhas mais conscientes e orientadas para o bem-estar emocional e físico.
Procure ajuda profissional se está com dificuldades em lidar com as suas emoções, e considere a ajuda de um profissional que o apoie na capacidade de usar os “caprichos” evolutivos do cérebro a seu favor. A neurociência aplicada é uma das formas de conhecer o seu cérebro, e de facilitar o auto-conhecimento.
Fique atento ao próximo artigo, irei revelar mais dicas de como usar a neurociência na sua vida.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.