Numa era de múltiplas turbulências e de variadas incertezas, constantemente agitada por tensões e conflitos inerentes à construção de uma nova ordem mundial, torna-se cada vez mais difícil e arriscado planear o futuro. A realidade – ou a perceção dela… – está a mudar a grande velocidade e, por aquilo que se tem visto, não vai abrandar tão depressa. Há demasiadas alterações em curso e ao mesmo tempo, todas com implicações globais e que afetam diretamente a vida das pessoas. Cresce o clima de confrontação entre os novos blocos geopolíticos que se vão criando, explodem, um pouco por todo o lado, as tensões provocadas pelo aumento do custo de vida e começa ainda a ganhar mais força o clima generalizado de desânimo e de revolta por parte dos milhões de pessoas que se sentem marginalizados e excluídos, em sociedades mais tecnológicas e também economicamente mais desiguais.
Apesar desta realidade, continuamos, em larga medida, presos aos modelos do passado – e a confiar nas previsões feitas pelas grandes instituições económicas, como se ainda vivêssemos nos tempos em que as taxas de juro estavam congeladas e a inflação era apenas uma vaga memória do passado. A verdade é que essas mesmas previsões – tantas vezes discutidas, depois, no debate político como “certezas” – não duram agora mais do que algumas semanas. “Ninguém tem a certeza de como estará a economia daqui a um ano”, avisou, no final de 2021, o presidente da Reserva Federal dos EUA, Jerome Powell. Talvez tenham sido as palavras mais certeiras da sua vida…