Há uma ansiedade crescente que nos chega da frente de batalha europeia: o frio está a chegar. Na Rússia, ele tem um nome: General Inverno. Muitas vezes antes foi um aliado importante, que ajudou os russos a vencer os seus inimigos. A Grande Guerra do Norte, que opôs uma aliança entre a Rússia, a Dinamarca e a Noruega contra a Suécia, terminou com a chegada do frio cortante. Em 1812, a campanha napoleónica esbarrou contra temperaturas gélidas, ventos fortes, tempestades de neve, obrigando os franceses a retirar-se. Na Segunda Guerra Mundial, o inverno teve um papel decisivo para o desfecho, em 1942, da Batalha de Estalinegrado, uma reviravolta no conflito que marcou o limite da expansão alemã no território soviético.
Sabendo disso, e com derrotas sucessivas no terreno, Putin atacou infraestruturas energéticas críticas na Ucrânia, fazendo contas a um inverno que possa vir a dobrar a espinha dos ucranianos enregelados, sem luz e sem energia para se aquecerem. Já caíram as primeiras neves na Ucrânia, e o manto branco começa a trazer dramas acrescidos. Por um lado, dá vantagem aos entrincheirados, porque permite identificar e atacar mais facilmente as posições inimigas, mas, por outro, atrasa avanços no terreno e desmoraliza as populações, que morrem de frio e de falta de assistência. Em causa estão crimes de guerra, mas há já quem fale num segundo Holodomor.