Em 2004, Thomas L. Friedman, jornalista, três vezes vencedor de um Pulitzer, regressou de uma viagem à Índia com a convicção de que o mundo era plano. Fez da metáfora de achatamento do globo o título de um livro (The World is Flat, 2005) marcante na teorização de algo que parecia, aos teóricos da economia, uma certeza para o século XXI: a de que a globalização estava aí para ficar, mudaria tudo e determinaria mudanças profundas ao nível económico e político, tanto para os países como para empresas, comunidades e indivíduos. Friedman cunhou o conceito de globalização 3.0 e explicou como, neste novo e nivelado campo de jogo global, a entrada de novos players globais como a Índia, a China e a Rússia nivelou a competição e o comércio entre os países industrializados e os países emergentes.
Esta “integração inexorável” dos mercados, estados-nação e tecnologias permite, segundo a visão de Friedman, que todos os players alcancem “um mundo mais longínquo, de forma mais rápida, mais profunda e mais barata do que alguma vez se conseguiu”. E este caminho, uma vez encurtado, não teria recuo. É, pois, normal que o telemóvel que tem no seu bolso tenha sido produzido numa cadeia de produção na Índia, incorporando matérias-primas e componentes que vêm da China, de Taiwan, do Vietname, dos Estados Unidos da América, da África.