Primeiro bebé de 2022: Martim, nascido poucos segundos depois da meia-noite de 1 de Janeiro, na maternidade de Abrantes. Primeiro bebé de 2023: Santiago, nascido poucos segundos depois da meia-noite, no apartamento de um tio que é jardineiro e tem bons alicates, numa noite em que as maternidades mais próximas estavam todas encerradas. Claro que esta minha previsão é falível. Pode não ser Santiago… Francisco e Afonso também são nomes-tendência da estação. Na galeria de notáveis que tiveram a pontaria de nascer no arranque do ano, em instituições de renome, como Maternidade Alfredo da Costa, Hospital Pedro Hispano ou São Francisco Xavier, passará a figurar um recém-nascido que veio ao mundo na Praceta Arnaldo Fortes, nº 7, 2º C, nas Caldas da Rainha, porque o Centro Hospitalar do Oeste decidiu fechar o bloco.
Isto é, ao mesmo tempo, uma boa notícia para as defensoras mais radicais do parto humanizado: finalmente, as mães portuguesas poderão experimentar as maravilhas das técnicas de relaxamento naturais. Para quê submeter-se a uma epidural quando umas rabanadas embebidas em vinho do Porto podem fazer o mesmo efeito? Se, noutros Natais, se esperava até à meia-noite pela visita do Pai Natal, agora aguarda-se a aparição de uma parteira o mais depressa possível. Mas que não venha pela chaminé, que, para seres humanos entalados, a precisar de ajuda para sair, já nos basta o bebé. Também já estava na altura de tornar esta competição, de bebé do ano, um bocadinho mais exigente. Antigamente, bastava sorte para ganhar a corrida; agora, é preciso engenho: a gestante tem de pensar na táctica ideal para, na hora H, conseguir estar perto de uma das maternidades que não encerram, nem que, para isso, tenha de passar o Natal muito longe de casa. Os maiores atletas sempre fizeram grandes sacrifícios para chegar tão alto. Se o Ronaldo pôde vir para Lisboa aos 11 anos, não vejo porque é que o pequeno Rodrigo, com 39 semanas, não há-de mudar de distrito, para se sagrar campeão do nascimento.