Antes de mais devo esclarecer que nada me move contra Bruno Paixão. Aliás, nada me move, de maneira geral. Seria incapaz de fazer esperas a árbitros, não só por achar condenável mas porque implica muitas horas de pé. Consigo falar desapaixonadamente de Bruno Paixão porque é um árbitro que não me diz muito. É tipo Nirvana: sei o que é, mas tocou mais a geração do meu irmão.
Não recordo com nitidez os acontecimentos do polémico Campomaiorense-Porto, provavelmente porque aos 13 anos vibrava mais com o caso entre a Maria do 7ºB e o Duarte do 9º do que com os amassos de José Soares a Mário Jardel. Mais do que as actuações de Bruno Paixão em campo, interessa-me a performance no processo Saco Azul. Paixão terá, alegadamente, recebido milhares de euros através de uma empresa que, por sua vez, escondia 1,9 milhões do Benfica. É complexo, bem sei. Chega a ser mais difícil de explicar do que o fora-de-jogo posicional. Paixão esclareceu que recebeu o dinheiro por “serviços de controlo de qualidade”. Em princípio controlava a qualidade de passe dos adversários, apitando quando estivessem a abusar. Alegadamente! É bom lembrar que todos somos inocentes até prova em contrário (menos eu, que acabei de fazer uma insinuação nada inocente e entrego-me já).