A decisão de suspensão da fábrica portuguesa, que começaria a trabalhar no início do próximo ano, não está ligada, de acordo com a Nissan, ao projeto de Portugal sobre a mobilidade elétrica, embora, na altura, “o avanço e a aposta do Governo nesta matéria tenha contribuído para a Nissan ter optado por Portugal”.
António Pereira Joaquim, responsável pela comunicação da marca no nosso país confirma que a Renault-Nissan “decidiu suspender a fábrica de baterias elétricas em Portugal porque, após análise detalhada do plano de negócios, chegou à conclusão que as quatro fábricas espalhadas por todo o mundo seriam suficientes para os objetivos”.
A fábrica de Cacia é uma das maiores do concelho de Aveiro. É nesta unidade que a Renault produz diversos componentes para as caixas de velocidades dos seus automóveis. Porém, a decisão por Portugal, na altura, ficou a dever-se, segundo o responsável da Nissan, à “localização geográfica”, já que Portugal estaria em condições de ‘ajudar’ as outras quatro fábricas. António Pereira-Joaquim explica que a aliança Renault-Nissan “esteve a fazer uma análise dos negócios e chegou à conclusão que, para atingir a meta de 1,5 milhões de carros elétricos em 2016, seriam suficientes quatro fábricas”, o que deixou de fora o projeto português.
O antigo presidente da AICEP Basílio Horta considera que a Nissan “está a fazer o seu papel” ao invocar razões de negócios para suspender a fábrica em Aveiro e afirma que “foi determinante o abandono da política de mobilidade elétrica”.
O antigo presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal sublinhou que a Nissan já sabia qual seria a sua produção e “como ia escoar as baterias” que iria produzir quando esteve a discutir com o Governo a instalação da fábrica de baterias em Portugal e, ainda que esse argumento possa ver válido, “seguramente foi muito ajudado pelo abandono da política de [incentivos fiscais à] mobilidade elétrica”.
A Câmara de Aveiro (PSD/CDS) liderada por Élio Maia afirma, em comunicado, que recebeu com surpresa a decisão da Nissan de suspender a sua fábrica de baterias, atendendo ao “grande avanço” da construção das infraestruturas localizadas na freguesia de Cacia.
O executivo camarário afirma, no entanto, manter a esperança que, “quando a conjuntura económica for mais favorável, o investimento se venha a concretizar em plenitude”.
Mas nem tudo são más notícias…
O membro do conselho de administração do grupo Volkswagen Hubert Waltl anunciou hoje em Palmela que o grupo alemão vai investir mais 200 milhões de euros na modernização da fábrica da Autoeuropa em 2012.
O anúncio foi feito na cerimónia comemorativa dos 20 anos da fábrica de automóveis de Palmela, em que o administrador da Volkswagen anunciou também a promoção do atual diretor geral da Autoeuropa, António de Melo Pires, para o grupo de altos quadros do grupo alemão, que integra apenas 250 pessoas.
A fábrica de Palmela fecha o ano com boas notícias e a recente parceria entre a Liquid Moly e a Autovision é uma delas.
A Autovision é uma divisão da Volksvagen que é responsável pela manutenção da frota interna da Autoeuropa (400 viaturas), da frota de Aluguer e da preparação dos veículos especiais adaptando os modelos à saída da linha de montagem (táxis, veículos para deficientes, etc.). Gere também a loja da VW que se situa dentro do complexo da fábrica.