Você é bom para si ou, de vez em quando, diz: “Que estúpido/a!”, “Só faço asneiras!”, “Sou sempre o mesmo parvo/a!”?
E com o seu companheiro/a? Você é bom para ele/ela?
Agora, apenas falta perguntar-lhe: Você esforça-se para ser bom com todas aquelas pessoas que o rodeiam, como seja a sua família, os seus amigos, colegas, conhecidos, mesmo quando eles têm comportamentos e atitudes desajustadas ou inaceitáveis que o magoam e ferem, ou pensa de imediato em retorquir “na mesma moeda”?
Todos nós, num ou noutro momento da nossa vida, podemos ter a tentação de nos tratarmos de forma menos bondosa, para não dizer agressiva, ou mesmo proferir expressões que nos magoam e nos fazem sentir ainda pior do que nos sentíamos.
Algumas pessoas, repetem-no vez após vez, sem terem a consciência do quão nefasta essa atitude se pode revelar na sua autoestima, autoconfiança e bem-estar emocional e psicológico.
Não viemos, nem estamos no mundo, para nos fazermos mal a nós próprios, para nos chamarmos nomes feios, para nos desvalorizarmos, desqualificarmos ou incapacitarmos. Sim, é verdade, somos todos “feridos” de imperfeição, e por sua vez temos todos relações imperfeitas, mas isso não significa que a sua missão seja tornar-se ainda mais imperfeito, focando-se nas suas imperfeições e ampliando-as até à exaustão, de lupa na mão, vinte e quatro sob vinte e quatro horas.
Será que não tem nada mais para fazer? Será que não o faria sentir melhor ser melhor para si, aceitar as suas “nuvens”, “relâmpagos e trovoadas” como fazendo parte de si, olhar para o céu azul e para o Sol da sua vida e focar-se naquilo que acontece de bom dentro e fora do seu coração?
Pense no seguinte: se não conseguir ser bom para si, amar-se, valorizar-se e cuidar-se, desculpar-se e perdoar-se, focar-se nas suas aptidões e talentos, descobrir os seus dons (pode ter a certeza que os têm!), pensar bem de si e ser amoroso consigo, todos os maus tratos ou negligência com que se autopune apenas o vão fazer sentir ainda maior desamparo, desespero, raiva, angúustia, ansiedade e solidão.
Muitas pessoas que não conseguem amar-se pelas mais variadas razões procuram nos seus namorados e companheiros esse mesmo amor, esperando que esse amor que deveriam ter por si, seja por eles preenchido. E sabe o que acontece depois? A maioria destas relações torna-se conflituosa ou torturante para o outro e acaba.
Sabe porquê? Porque Amor de um companheiro não substitui o Amor próprio e, ninguém gosta de namorar, viver ou casar, com uma pessoa que não tem Amor próprio. Pode até tentar ajudar o outro (típico nas mulheres derivado do seu instinto maternal!), mas vai cansar-se, e a relação vai transformar-se numa odisseia existencial derivada do desgaste emocional que implica tentar convencer o companheiro que precisa e merece amar-se e ser amado.
Assim, quando escolher um companheiro/a, tente conhecer e perceber como ele/ela se trata a si próprio pois, a forma como se trata a si próprio e como se relaciona com os outros é uma informação preciosa que lhe irá permitir conhecê-lo/a muito para além das aparências.
Necessidade de atenção permanente, dependências várias, desrespeito por si próprio e pelo seu corpo, dramatização, comportamentos repetidos de intolerância, cobrança, falta de empatia, inflexibilidade e rigidez, dificuldade em aceitar-se, perdoar-se e perdoar, assim como repetidas autocríticas, vitimização e necessidade constante de validação exterior, são alertas!
A origem da dificuldade de gostar de si e de ser bom para si, na maioria das situações, é a ausência de Amor durante os primeiros anos de vida. São os nossos pais, família e pessoas mais próximas que nos ensinam a amar e a ser bons para nós e para os outros. Pode igualmente ter acontecido os seus pais terem apenas lhe ensinado a ser bom para os outros e, presentemente, essa crença estar presente no seu dia a dia, sentindo que deve agradar a todos, independentemente de isso significar prejudicar-se e esquecer-se de si.
Lembre-se, a vida é o maior presente de Deus!
Se ninguém lhe ensinou a amar-se, fazer-se bem e ser condescendente e compreensivo com as suas limitações, a olhar para si com terno amor e afeição (muito para além do egocentrismo e narcisismo!), saiba que está sempre a tempo de aprender. Garanto-lhe, este passo vai fazer todo a diferença na sua vida.
Muitas das pessoas que passam pela sua vida e que têm gestos, atitudes ou comportamentos menos agradáveis e bondosos para consigo, travam uma luta existencial no sentido de perceberem porque a sua vida não corre como desejam, sem nunca chegarem a uma conclusão. Sabe porquê? Porque o que têm está sempre aquém das suas expectativas, e pensam que a culpa dos seus desaires, frustrações e ansiedades é dos outros. Então, a necessidade de “contagiar” os outros com as suas emoções negativas derivadas da sua falta de amor próprio e desilusões, tornam o ar viciado e qualquer ambiente tóxico. Muitas delas acabam por afastar quem gosta verdadeiramente delas e ficar cada vez mais sós.
Talvez se começassem por parar e pensar porque se sentem assim, aprendessem que é possível, ainda que ninguém lhes tenha ensinado, a ser boas para si próprias e a gostar verdadeiramente de si. Porque é sempre possível aprender a gostar mais de si, a respeitar-se e a ser bom para si.
E é uma pena que não se fale e escreva mais e mais sobre estes temas! Na família, na escola, na televisão, nas revistas… e que ainda não existam outdoors com slogans : “Seja bom para SI e para os OUTROS!”. Talvez começássemos a transformar o mundo em que muitos se estão nas tintas para os outros, num mundo em que todos se respeitam, cuidam e preocupam com os outros.
Lembra-se da última vez que disse ao seu companheiro/a que estava exausta/o, e ela/ele fez um escândalo por ter deixado um prato na mesa?
E quando lhe pediu para ir levar os miúdos à escola na manhã seguinte para dormir um pouco mais e ele/ela se negou?
Ou quando lhe disse que precisava de tempo para si?
Ou quando lhe revelou que gostava muito de ir ver aquele filme que tinha estreado e ele disse “nem pensar!”?
Ou quando lhe pediu um favor muito importante e ele nem quis saber?
Ou quando lhe pede repetidamente para pôr o som mais baixo porque está com dor de cabeça, ou para desligar o computador ou telemóvel porque gostava de conversar, e é como se estivesse a falar para uma parede?
Muito para além da falta de Amor e empatia, estes comportamentos refletem a total ausência de bondade e respeito.
Quando escolhemos uma pessoa para ser nosso companheiro é presumível que gostamos dela, que nos preocupamos com ela, a respeitamos, que cuidamos dela amorosamente, que lhe queremos e fazemos bem.
Nos últimos anos, ao acompanhar casais, tenho vindo a aperceber-me que muitos deles ignoram completamente o significado de se fazer bem e aprenderam a fazer-se mal. É isso que fazem um ao outro, dia a dia: Mal! E quando pergunto se gostam um do outro, dizem os dois que sim.
Ora, se gostar de alguém significa fazer-lhe mal, então em que se traduzirá o não gostar?
Muitos casais precisam redescobrir o significado da palavra “Amor” e da expressão “Amar”. Abram-se escolas para ensinar o que é o Amor, a bondade, a generosidade, a empatia!
Já imaginou uma relação em que os dois tem como prioridade fazer o bem um ao outro? Isto não é um ideal, existe em algumas relações ainda que imperfeitas.
Sabe quando é possível? Quando o egoísmo cede lugar à bondade!
Muitos amigos precisam conhecer o que é ser amigo de verdade, demonstrar bondade e perdoar ainda que tenham razão e se sintam magoados. Ser amigo é ser bom para o outro, e ser bom envolve interessar-se, cuidar, perdoar, tolerar, compreender, colocar-se no lugar do outro, mesmo que seja difícil e tentar sentir o que o outro está a sentir.
Amor e Amar são sinónimos de ser Bom e de fazer o bem. Não o contrário!
E ainda que lhe façam mal, escolha fazer o bem e perdoar.
Não estou a afirmar que fique ao lado de quem lhe faz mal ou que tenha na sua vida pessoas que não lhe fazem bem. Estou apenas a dizer que lhes perdoe o mal que lhe fazem e que, se for o caso, as deixe, simplesmente, ir…
Deixar ir… é o caminho para encontrar pessoas que sabem fazer o bem, a si próprias e aos outros.
Lembra-se daquele sujeito que apita freneticamente no carro de trás assim que o sinal fica verde?
Recorda-se da última vez que quis mudar de via de rodagem, fez o pisca e ninguém o deixou passar?
E quando estava a entrar no seu prédio, com vários sacos pesados, e o seu vizinho fez de conta que não o viu e fechou a porta do elevador na sua cara?
Recorda-se quando o seu chefe, sabendo que era o aniversário do seu filho, lhe pediu um trabalho às seis da tarde?
E quando foi a um serviço público e o funcionário falou consigo com sete pedras na mão?
As situações são aos milhares no seu, no meu, no dia a dia de todos nós.
O que ganham as pessoas que não conseguem ser boas para as outras? Parece-me que nada.
O que ganham as pessoas que conseguem ser boas para as outras e tudo fazer nesse sentido? Ainda que não sejam vistas, reconhecidas, valorizadas, não tenham fama, sucesso, dinheiro…todas elas têm o coração cheio de Amor e de esperança de que é possível desafiarmo-nos a ser melhores pessoas e a crescer em Amor!
Já imaginou como seria um mundo em que o Amor pelo Criador, por si próprio, pelo próximo, fosse uma realidade, e SER BOM consigo e com os outros fosse espontâneo e natural?
Já imaginou como se sentiria se todos a partir de hoje aceitassem o desafio de SER BONS?
Sim, eu sei que está a pensar: mas como será possível todos o aceitarem?
Sim, nem todos o aceitam, porque nem todos compreendem a urgência de o ser, assim como não acreditam que o planeta está à beira de um colapso ambiental se não se tomarem medidas drásticas.
Mas, se você o compreende e faz sentido para Si,
Comece hoje mesmo a SER BOM para Si, para o seu Amor, para os seus amigos, para o próximo!
Sim, o desafio é grande, mas a Alegria e Paz são maiores ainda!