A rubrica de hoje distancia-se do habitual. Curiosamente, hoje estava a pensar no que havia de falar e queria “dialogar” convosco sobre algo diferente. Não me apetece falar de tendências. Nem de cores. Nem de mobiliário. Apetece-me falar sobre sermos criativos. Sermos livres. Da capacidade que todos nós temos em fazer seja o que for, sem barreiras e sem medo de ousar.
Vou contar-vos uma coisa: no meu gabinete eu costumo dizer imensas vezes – “Deixem-me enlouquecer. Deixem-me pensar livremente” – e, de facto, se assim não for, vamos entrar num quadrado e sentirmo-nos-emos bloqueados e limitados. E isso não pode acontecer. É importante sermos diferentes. Ninguém consegue dar um passo em frente se não for diferenciador. Ninguém consegue fazer história se não for memorável.
E é engraçado, porque a coisa com que mais luto diariamente é com os clichés. Vou dar um exemplo: quando pensamos numa sala de espera, por exemplo de um consultório, a primeira imagem que nos ocorre é uma sala cheia de bancos corridos, com cadeiras iguais, assentes sobre um desenho minimalista e branco. Pensamos também em algumas molduras com umas imagens vulgares nas paredes. Se é vulgar e aborrecido só de pensar, porque é que as continuamos a desenhar assim? Porque é que uma sala de espera não pode ser uma zona bonita, confortável, com sofás de cores e tecidos agradáveis, com uma atmosfera envolvente e quente? Aqui está onde quero chegar. Tenhamos espírito livre! Em tudo na vida. Só desta forma conseguimos evoluir, sermos algo e alguém.
É importante, por vezes, para podermos criar livremente, afastarmo-nos de tudo, até de nós próprios. Outra coisa… o facto de sermos todos diferentes não é mau. É maravilhoso! Vejamos: se alguém não partilhar a mesma opinião que eu, tal não significa que a outra pessoa esteja errada. Implica sim, eu aceitar as diferenças de cada um e, neste sentido, acredito que, se todos conseguirmos fazer este exercício, o mundo será muito melhor. A nível do trabalho, isto também será bom. Se perante o mesmo assunto existirem diferentes visões e se a equipa trabalhar bem em conjunto, tenho a certeza que o resultado será muito mais criativo e inovador. Porque todos somos diferentes. Todos temos o nosso papel. Ninguém é mais, assim como ninguém é menos. E as pessoas que não entendem isto estão realmente dentro da caixa.
Às vezes dou por mim em reuniões a debater ideias, com clientes, completamente estranhas e bizarras, mas isso nunca significa que sejam más ideias. Tudo é válido desde que tenha uma intenção lógica e racional. É importante despirmo-nos! Sermos ousados e arrojados! Afirmarmo-nos! Termos voz em tudo o que fazemos, sem medo que corra mal. No fundo, devemos assumir a nossa singularidade!