É verdade que, ao longo do tempo, muitas profissões desapareceram e outras foram criadas, mas os avanços tecnológicos são cada vez mais rápidos e estão a criar uma enorme disrupção no mercado de trabalho. Muitas pessoas ainda terão tomado consciência da celeridade desta evolução e por isso poderão ser surpreendidas no turbilhão que se aproxima.
Têm sido efectuados vários estudos sobre este tema, sobretudo por Universidades e empresas de consultoria. Com base nos mesmos, detectam-se tendências muito claras sobre os próximos anos prevendo-se a eliminação ou redução de muitos empregos. Por exemplo, a consultora Ernst & Young refere que em 2025 um em cada três empregos deve ser substituído por tecnologia inteligente, já a Universidade de Oxford indica que 47% dos empregos que hoje conhecemos desaparecerão nos próximos 25 anos.
Reflectindo sobre estes dados, conclui-se que as escolas e universidades estão a formar jovens sem saberem que profissões poderão estes vir a desempenhar. Torna-se, assim, cada vez mais premente a necessidade do ensino focalizar-se no futuro e não.
Sam Hinkie, licenciado em Stanford e considerando um dos jovens gestores de topo no mundo desportivo, lança a seguinte questão: “Como está a preparar seus filhos para uma vida com 60% de desemprego?”. De facto, será este um dos grandes desafios da humanidade dentro de alguns anos, como ocupar o tempo livre provocado pela falta de emprego…
Como se explica esta evolução tão rápida
Stephen Hawking indica que se está no momento mais perigoso do desenvolvimento da humanidade” e “a ascensão da inteligência artificial irá provavelmente levar à destruição massiva de postos de trabalho, sobretudo da classe média”.
Embora muitos economistas, gestores e investidores argumentem que esta evolução será positiva, pois a eliminação de empregos que exigem menor qualificação, através da robotização, irá dar lugar à geração de empregos que exigirão maior e melhor qualificação, contudo, é possível que os empregos gerados não venham a ser quantitativamente equivalentes aos que desapareçam. Se juntarmos a isso o facto de a esperança média de vida estar a aumentar, bem como a população mundial, conclui-se que nos aguardam enormes desafios.
A evolução tecnológica levou-nos ao ponto em que a Inteligência Artificial (a capacidade de um computador ou máquina realizar operações análogas à de um ser humano, ao nível da aprendizagem e tomada de decisão) consegue ganhar jogos complexos a humanos, ou seja, consegue raciocinar, tirar ilações e tomar decisões com melhores resultados do que os seres humanos, como sucedeu num programa desenvolvido pela Google Deepmind – o AlphaGo.
Esta temática leva-nos então a pensar sobre quais as profissões que mais rapidamente desaparecerão, sendo que esta extinção não acontecerá somente nas que requerem menor qualificação e é por isso que as estruturais tradicionais do trabalho devem ser repensadas.
Profissões em vias de extinção
Quem imaginaria há 10 anos atrás (ano de lançamento do iPhone) que estaríamos hoje a falar de carros sem motorista, impressoras 3D, robótica altamente sofisticada, Inteligência Artificial, realidade virtual e aumentada? Muita poucas pessoas certamente. Mas a verdade é que já existem e estão a alterar o mundo do trabalho de forma radical. Repare no impacto em algumas profissões:
Motorista – É das profissões em maior risco, quer os dos camiões, táxis, transportes públicos, entregas ao domicílio… Desaparecerão muitos empregos nos próximos anos com o aparecimento de carros que não necessitam de ser conduzidos.
Professores de escolas de condução – Pelas mesmas razões apresentadas anteriormente.
Agricultor – Todo o processo produtivo está a evoluir para grandes produções automatizadas, logo, as pequenas e menos sofisticadas tenderão a desaparecer.
Caixa – Desde que existe retalho, existe a profissão de caixa. Contudo, esta é uma das profissões em grande risco no curto prazo. Já podemos ver em alguns hipermercados o ensaio do pagamento em modo self-service, mas a grande disrupção chegou recentemente com a Amazon que abriu a primeira loja sem necessidade de pagar, o cliente só necessita de ter a App Amazon Go, entrar na loja, fazer as compras e sair.
Bancário – As operações bancárias são cada vez mais efectuadas pelo homebanking, pelo que dentro de poucos anos tudo será automatizado ou gerido online.
Operadores de telemarketing – As grandes empresas usam, cada vez mais, a tecnologia para complementar os seus serviços. A melhoria dos equipamentos de reconhecimento de fala e os avanços da tecnologia artificial vão fazer com que esta profissão desapareça.
Recrutadores – Existem já hoje várias empresas a usarem softwares (Bots – são programas que falam e interagem como humanos) em vez de entrevistadores para efectuarem a primeira fase de entrevistas a candidatos mais juniores. A tendência será aumentar o número de candidatos a serem entrevistados por máquinas, que imediatamente dizem se há próxima fase ou não.
Carteiros – Estão em vias de extinção, pois a comunicação é cada vez mais online.
Agentes de viagens – Todo o processo de marcação de viagens é cada vez mais automático, sem a necessidade dos agentes de viagens.
Profissões qualificadas também são afectadas
Contabilistas – Tendo em conta a formatação de muitas das tarefas desempenhadas, há uma enorme probabilidade de máquinas poderem replicar as mesmas.
Advogados – Já existe um robot-advogado, chamado Ross, que tem vindo a ter sucesso ao substituir advogados em várias firmas nos EUA, e que chegará certamente a Portugal.
Médicos – Neste caso a afectação é diferente, pelo menos numa primeira fase, pois a verdade é que genericamente não existem médicos suficientes e a população mundial aumenta a um ritmo superior do que a formação de novos médicos.
Estes são só alguns exemplos, pois todas as profissões em que o conhecimento e a perícia sejam possíveis de sistematizar, correm perigo. Não só pela facilidade e comodidade em transferir o serviço para o modelo online, mas sobretudo por dar a possibilidade a uma máquina de fazer o trabalho de várias pessoas. Portanto, na gestão da sua carreira será importante “fugir” das profissões sujeitas a esta substituição por máquinas.
Para além disso deverá considerar que a Inteligência Artificial não consegue pensar de forma criativa, nem de se emocionar e gerir essas mesmas emoções… essas são capacidades dos seres humanos e por isso mesmo diferenciadoras, caso as utilize de forma equilibrada.
* (O autor escreveu este texto com base na ortografia antiga)