Vivemos hoje um momento especial na moda: um momento de fertilidade criativa. Ou seja, vemos e ouvimos falar com frequência de novas marcas a surgir nos mais variados segmentos: roupa para senhora, calçados, carteiras, moda praia, roupa de criança, para os homens…
São pessoas como nós que inspiradas por uma ideia e munidas de coragem resolvem arriscar e transformar um conceito em realidade.
Há um lado que me diz que a crise económica ajudou este fenómeno a ter mais força. É sempre em momentos de necessidade, de busca por uma solução, que ficamos mais criativos, com mais garra pois precisamos encontrar uma saída para o nosso problema.
Do outro lado, há também a era que vivemos, uma era de estímulos aos pequenos negócios, a era das start ups, das possibilidades dos pequenos sonhos poderem tornar-se realidade. E com o alcance do universo digital, cada um de nós pode ser uma empresa ambulante – e estar no mundo todo através de um computador (e uma boa inteligência digital, claro).
Em terreno nacional não é diferente. O “made in Portugal” vem com força e é sinónimo de qualidade. Temos aqui mão de obra qualificada e um histórico da indústria têxtil e calçadista que nos possibilita uma ótima produção local.
Claro que nem todos sobrevivem. Como é natural, num mercado com tantos conceitos novos a surgir e com a concorrência agressiva das grandes marcas – ex: Zara, Mango e todas as fast fashions (que cobram menos da metade do valor que um pequeno consegue cobrar), fica complicado competir e ter o seu próprio espaço no mercado.
Mas, por outro lado, há um outro fenómeno especial a acontecer hoje: Com a conscientização para um mundo mais sustentável, a vontade de um resgate de valores e de uma vida mais saudável, o mercado começa a valorizar mais o que é local, o que é exclusivo, o que é produzido onde você conhece as condições de trabalho – e sabe que são dignas, onde você pode dar retorno ao seu próprio país com o ato do consumo. Por mais que aquela peça custe mais que uma parecida numa grande fast fashion, o que está em causa são outros valores percebidos que hoje começam a pesar na escolha do consumidor.
Não é que váacabar o consumo das grandes. Isso acho muito difícil. Mas estamos no caminho de um equilíbrio, de ter espaço para os pequenos também – que carregam esta bandeira do genuíno, do local, da exclusividade e confiança.
Dito isso, é hora de mostrar alguns “pequenos grandes nomes” do “made in Portugal” que são casos de sucesso, de pessoas que arriscaram, fizeram e fazem um ótimo trabalho, criaram conceitos fortes e encontraram o seu espaço (muito merecido) no mercado. Escolhi estas 7 marcas que conheço e admiro, em áreas da moda distintas. Claro que há muitas mais! E muitas ainda por vir! Por isso, ficaremos atentas…
LATITID: Uma marca de moda praia de sonhos. Foi lançada em 2013 e com 3 anos de vida já conquistou um espaço de respeito e prestígio no mercado nacional – e agora em busca do internacional. O conceito é uma moda praia cosmopolita, para a mulher moderna e com muita atitude – mas que ao mesmo tempo quer se sentir linda o verão todo. A marca foi criada pelas irmãs Ines e Marta Fonseca, juntamente com Fernanda Santos, e tudo é produzido em solo nacional. Tudo o que fazem transmite qualidade e amor pelo negócio, desde o conceito da coleção até todo o trabalho com o branding em volta da marca. Elas sabem para o que vieram
CHANGE: “Give clothes a Second Chance” – “Dê às roupas uma segunda chance” é o lema sob o qual nasceu a marca. A Change nasce há 5 anos com a força criativa de Marta Leitão que tem a brilhante ideia de customizar calções vintage de formas únicas – com tecidos étnicos, metais variados, estampas de animais… muito rapidamente a marca conquistou um espaço próprio resultado de um trabalho bem feito e um conceito forte. Aos poucos, Marta introduziu novas peças, tais como jaquetas, camisas, t-shirts – sempre customizadas e dentro do mesmo conceito irreverente e extremamente criativo. Hoje a marca fala por si só, já vende em muitas lojas multimarcas nacionais e aos poucos conquista o mercado internacional – e nunca pára de inovar a sua gama de produtos. Tudo made in Portugal
HLC: é uma marca nacional de jóias, criada pela designer e dona da marca Helena Lopes Cardoso. O conceito é delicado, com um ar elegante minimalista mas sempre com um toque original, com uma história para contar. A inspiração vem da vida, de viagens, de visões românticas que ela imprime nas peças. Hoje, a HLC é uma marca completa com uma gama vasta de produtos – pulseiras, colares, anéis, brincos e acessórios, todos lindos e tentadores…
JOSEFINAS: Nasceu de uma ideia da arquiteta Filipa Júlio que queria uma linha de sapatos práticos e confortáveis que honrasse o seu passado de bailarina. E com isso foi criada a Josefinas, nome dado em homenagem à sua avó. O modelo-conceito são as sabrinas – as mais variadas, de todas as cores, matérias, estampas e aplicações. Mas não se limitam e fazem agora também ténis, todos lindos e super femininos. Hoje a marca já conquistou mercado dentro e fora do país, com as maiores bloggers pelo mundo a usar e divulgar com frequência.
UNDANDY: pensada no homem moderno, a Undandy é a única marca de sapatos nacional de sapatos personalizados masculinos. É também possível fazer para a mulher, mas o foco são eles, um mercado que cresce a olhos vistos a cada dia. A ideia vem de dois amigos apaixonados pelo mercado, Gonçalo Hneriques e Rafic Daud. A ideia é brilhante: a possibilidade de criar de raiz o seu próprio sapato numa plataforma digital – escolhendo a forma, as matérias em cada parte do modelo, as cores, a costura, os atacadores e até a personalização da escrita na sola. Matemática feita, eles calculam que são, no final, 156 bilhões de opções… e para aumentar este número agora lançaram os Shnekears, ou seja, a possibilidade de usar a sola de um ténis num modelo de sapato formal. A produção é toda feita em Portugal por artesãos e valorizam o nosso mercado calçadista. A Undandy cresce dentro e fora, já sendo vendida nos quatro cantos do mundo.
PIU PIU CHICK: uma marca num mercado em clara expansão: crianças. A Piu Piu Chick foi lançada em 2012 com o objetivo de ser um conceito “fund and trendy” para os pequenos. E assim foi: desde o seu lançamento a marca é um sucesso entre as mães e pais portugueses e agora também em território internacional. Localizada no Porto, o centro da indústria têxtil nacional, a marca não pára de crescer e se afirmar com um conceito leve, divertido e perfeito para a criança continuar a ser criança – só ainda mais irresistíveis…
ALPHAMOMENT: marca de roupa desenhada para a mulher do mundo. A Alphamoment nasce depois de muitos anos de experiência no mercado da moda por parte de seus criadores, tendo percebido exatamente o que a mulher procura. Seu conceito é baseado em 3 valores principais: o ser autêntico, o seu eclético e ser feminino. Com isso criam peças que misturam influências étnicas e culturais variadas, procuram matérias especiais para agregar valor e ao mesmo tempo são urbanos, conseguem transportar estes mundos para o dia a dia de uma mulher na cidade. Criada e produzida na sua maioria no norte do país, a Alphamoment está hoje em mais de 150 pontos de venda pelo mundo e tende só a crescer. É sem dúvida mais um caso de sucesso nacional.