Dois grandes naufrágios, em fevereiro, acrescentaram mais alguns números à tragédia que se repete, quase diariamente, no Mediterrâneo: 73 mortos a 15 de fevereiro, junto à costa da Líbia, e outras 62 mortes (incluindo a de 33 mulheres e de 14 crianças), no dia 26, junto ao Sul de Itália. No total, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, pelo menos 295 pessoas morreram ou desapareceram no Mediterrâneo, nos dois primeiros meses do ano. A manter-se este ritmo, o número de mortos irá aproximar-se dos 2 000 no final do ano, à semelhança do que tem sucedido nos últimos tempos: 1 953 mortos em 2022, 3 231 em 2021, 1 881 em 2020, 1 510 em 2019, 2 277 em 2018.
Contas feitas, segundo a organização não governamental Human Rights Watch, cerca de 25 313 pessoas morreram no Mediterrâneo desde 2014. Sempre nas mesmas circunstâncias e pelos mesmos motivos: acidentes nas frágeis embarcações em que se deslocavam, com lotações muito acima do permitido ou do razoável – apesar de cada lugar custar, em média, entre 3 mil e 5 mil euros, como indicam os cálculos de diversas organizações.