Na passada semana, o Instituto Nacional de Estatística (INE) publicou os dados relativos à performance da atividade imobiliária relativos ao 2º trimestre de 2022, com grande expectativa eram esperados, neste contexto de alguma incerteza.
Uma primeira análise dos dados permite destacar que o índice de preços da habitação relativo ao 2º trimestre de 2022 teve um crescimento em relação ao trimestre anterior de cerca de 3,1%, já na comparação com o trimestre homólogo, este índice cresceu em relação a igual período de 2021 cerca de 13,2,%, podendo-se concluir que ao nível dos preços, o setor segue em evolução positiva “um pouco mais quente” em relação à tendência de crescimento verificada em trimestres anteriores.
De notar que nos últimos 5 anos o mercado tem evoluído em termos de preços a uma taxa média em torno dos 10% ao ano, sendo que estes 13,2% podem refletir o desequilíbrio entre a oferta e procura decorrente de uma diminuição do stock imobiliário disponível, provocado essencialmente pela diminuição da atividade imobiliária no que respeita à captação de novos imóveis, não existindo para já nenhum sinal de alarme em relação a uma possível baixa de preços e valor no setor.
No que respeita à manutenção deste expressivo crescimento os próximos trimestres dar-nos-ão uma imagem mais nítida da futura evolução do mercado.
Outros indicadores fundamentais do setor, para sentir a sua performance, são os dados relativos ao volume de transações e respetivo valor global. Neste aspeto o mercado manteve a sua performance quando comparado com o trimestre anterior, variando 0,1% ao nível das transações e 2,5% em termos do seu valor global, produzindo o mercado 43.607 transações a que correspondeu um valor global de 8.3 mil milhões de euros.
Já na comparação homologa o mercado cresceu neste 2º trimestre 4,5% em termos das transações e 19,5% em valor, parecendo o mercado estar a estabilizar já que, com este, é o 5º trimestre que produz em termos médios 43 mil negócios, e o 3º em que o mercado atinge um valor global em torno dos 8.2 mil milhões de Euros.
No que respeita aos compradores internacionais, estes representaram neste 2º trimestre cerca de 6,4% do total das transações do setor, atingindo-se um total de 2.783 negócios, em termos de valor representaram cerca de 12 % a que corresponderam cerca de 994 milhões de euros entrados diretamente na economia nacional, resultando assim num forte multiplicador para nossa economia.
De salientar também que em termos médios um comprador internacional compra uma casa na ordem dos 350 mil euros contra cerca de 178 mil de um nacional, sendo por isso importante olhar com outra atenção para este tipo de comprador altamente potenciador do produto interno.
Globalmente o setor não apresenta nenhum tipo de disfunção ou sinais de alarme, o crescimento tem mantido os seus níveis, os preços têm evoluído em linha com trimestres e anos anteriores, sendo por isso tempo de olhar para medidas que podem potenciar o seu crescimento ou mitigar possíveis quebras tais como a redução da tributação do IMT e imposto sobre as mais-valias imobiliárias, redução ou isenção do IVA à construção, diminuição dos timmings de licenciamento para a construção de obra nova e reabilitação e relançamento de políticas de incentivo fiscal para atração de investimento e compradores estrangeiros.
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