Tem lugar no dia 13 de julho no Porto o primeiro Congresso Mundial das Redes da Diáspora Portuguesa, sob o tema “Por Uma Visão Estratégica Partilhada”. Segundo os organizadores da Secretaria de Estado das Comunidades do Ministério dos Negócios Estrangeiros, a iniciativa tem como objetivo reunir e colocar em interação “os protagonistas das redes dos portugueses da diáspora, enquanto agentes particularmente ativos e reconhecidos, quer na comunidade portuguesa em que se inserem, quer na sociedade do respetivo país de acolhimento”.
O governo português pretende proceder a uma reflexão sobre o trabalho realizado até ao presente com as comunidades e obter sugestões e recomendações por parte dos atores da diáspora em seis domínios: associativismo, ciência e conhecimento, economia e desenvolvimento, eleitos das comunidades, gabinetes de apoio ao emigrante e, finalmente, no que respeita aos órgãos de comunicação social.
A realização deste fórum, na presença do ministro da tutela, mas também de Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, demonstra mais uma vez a importância que o atual executivo e o Presidente da República têm outorgado à diáspora.
Por outro lado, esta iniciativa do governo pode ser considerada eleitoralista a menos de um trimestre das eleições legislativas. Teremos, ou não, a confirmação, se o congresso tiver continuidade e resultados concretos.
Os seis domínios de debate escolhidos são todos de grande importância mas não posso deixar de salientar um que me interessa particularmente, as questões ligadas aos meios de comunicação social.
Já mencionei neste espaço a relevância dos meios de comunicação social das comunidades portuguesas para informar, facilitar os contactos entre os emigrantes, fomentar a utilização da língua portuguesa e combater a saudade ao manter a ligação com Portugal.
Em 2015 foi dado um passo importante na forma como comunicam e se organizam os órgãos de imprensa da diáspora através da criação de uma estrutura – que teve então apoio do governo, na pessoa de José Cesário – intitulada Plataforma.
Desde 2015 que os jornalistas portugueses da diáspora não mereceram grande atenção do governo de Lisboa, excetuando uma recente evolução no serviço de notícias da agência Lusa que criou um “feed” de notícias para jornais em linha, formalizando apenas uma situação de facto.
Entretanto, em reunião com a Plataforma em agosto de 2018, o Secretário de Estado das Comunidades explicou estar na impossibilidade legal de ajudar financeiramente a Plataforma ou os meios de comunicação que dela fazem parte, a não ser através dos apoios disponíveis para as associações da diáspora.
A Plataforma, representando dezenas de “media” espalhados pelo mundo encontra-se atualmente numa situação de reorganização depois de quatro anos pouco ativos. A estrutura, apesar da passividade, tem a vantagem de existir e de colocar em rede os meios de comunicação das comunidades portuguesas.
O Congresso Mundial das Redes da Diáspora Portuguesa pode ser uma oportunidade para fazer renascer a Plataforma e voltar a colocar no mapa político os jornais, rádios e outros meios de comunicação das comunidades portuguesas (e aqui incluo blogues e páginas relevantes nas redes sociais) que escrevem e falar a língua de Camões e que, só por essa razão, merecem ser apoiados pelo Estado português.