Já percorreu o país de lés a lés, incluindo as ilhas, para registar com a sua câmara tradições e ‘modernidade’ da música popular portuguesa. Há cinco ano criou a plataforma A Música Portuguesa a Gostar dela Própria (MPGDP), com mais de dois milhares de registos. Ao JL, anuncia a criação de um site para o projeto, com uma mapa interativo, onde tudo se tornará muito mais fácil de encontrar. E também do primeiro disco dos Sampladélicos, Não nos deixes cair em Tradição, o projeto de (re)criação sonora , em que, com Sílvio Rosado, faz música através de samplers com sons das suas recolhas
JL: A MPGDP faz cinco anos e não para de crescer… Em quantos vídeos já vão?
TP: Neste momento há 2200 vídeos e cerca de 1400 projetos no Vimeo, e muito mais em discos rígidos. Não tenho tempo para tudo. Mas esses números não servem de muito enquanto estiver apenas no Vimeo e no Facebook, porque não se consegue encontrar nada. Em abril, vamos lançar o site a MPGDP.
Como será?
Terá mapas de Portugal por onde se pode navegar com música. E também um motor de busca com uma base complexa em que se pode procurar, por exemplo, cavaquinhos no Minho. Aí sim, todos os números fazem sentido, porque deixa de ser uma caixa em que nada se encontra.
Há música tradicional, mas também pop-rock…
Há e vai continuar a haver… Mas neste momento, o foco principal é a música de tradição popular, porque ninguém conhece. E é essa música que me move para o resto.
A MPGDP disponibiliza a essência, que o registo e m vídeo da música, mas com este novo site fica facilitado o seu tratamento teórico…
Claro, com o site haverá um verdadeiro serviço público, tanto dá para pessoas curiosas, como para quem quiser realizar estudos. Não está aqui tudo, mas uma boa parte. Hoje em dia é difícil encontrar espaços em Portugal onde eu não tenha filmado.
A música portuguesa tem tido várias ramificações, até em Espanha…
Da mesma forma que o Vincent Moon diz que houve mais de 300 pessoas a fazer projetos semelhantes à Blogothèque, isso acontece com MPGDP. Um dos maiores fãs é um fulano do País Basco, que criou um site, chamados Amigos e Companheiros. Em Zamora, também gostaram do projeto e contactaram-me para fazer gravações em Espanha. Já que ia para Espanha resolvi começar por Castela e Leão. Vou então fazer uma série em que comparo as tradições rurais destas regiões com as de Portugal.
Entretanto, saiu o primeiro disco dos Sampladélicos, que representam o seu lado mais criativo, em que faz música com a música dos outros…
É o meu recreio, onde me divirto com todas as viagens que fiz. Sempre desejei em fazer música com recolhas de sons de diferentes locais do país. E tentei fazê-lo várias vezes. Agora com o Sílvio consegui que as coisas se cristalizassem. Juntámos milhares de samplers, em três anos, para que pudéssemos improvisar e dar espetáculos ao vivo. No fundo os Sampladélcios são também um fruto da MPGDP , mas com um lado experimental. É uma forma das gravações não estarem mortas.