A Praça Central do Colombo encheu este fim de semana para ouvir os convidados do Portugal Pop, o evento de encerramento da 8ª edição da iniciativa “A Arte Chegou ao Colombo. A VISÃO preparou uma tarde divertida de conversas sobre o mundo da Cultura Pop em Portugal, com duelos criativos de celebridades que fizeram as delícias de quem esteve presente.
No primeiro painel, “Pim, Pam, Pop: O que Mexe com as Pessoas?”, o cantor José Cid e a escritora Margarida Rebelo Pinto explicaram que ambos são vistos nas suas áreas como populares, com muito orgulho. José Cid diz foi, ao longo da sua carreira, alvo de preconceito por vender muito. “No pós 25 de abril reinava Ary dos Santos, e que tinha uma cortina à sua frente. Isso fez com que uma pseudo-intelectualidade de esquerda me hostilizasse. Havia quem pensasse que vender bem era azeiteiro”. “A minha obra é ainda extremamente atual, e divirto-me imenso porque tenho esta homenagem pública em vida, que o Zeca [Afonso] devia ter tido em vida”, sublinha o cantor com 76 anos e mais de 40 de Carreira.
Margarida Rebelo Pinto está a chegar à marca de 1,5 milhões de livros vendidos, brinca com as arrumações em caixinhas. “Se me dizem que escrevo literatura light, respondo que sim, peso 52 quilos e vou ao ginásio”. “O mais importante para mim é chegar às pessoas e fazer com que o meu trabalho aproxime das pessoas e as ponha a conversar, ou com elas próprias ou com outros, afirma.
No segundo painel, falou-se da internet, onde a popularidade pode nascer quase de um dia para o outro. Estamos num mundo novo, onde a bloguer Ana Garcia Martins, mais conhecida por Pipoca Mais Doce, e o facebooker Miguel Somsen se movem como ninguém. Miguel diz que “vivemos obcecados com a popularidade”, mas que tenta não pensar nisso . Acredita mesmo que ele próprio pode ser “um produto pop, que só dura até as pessoas se fartarem”. “Não há volta a dar, as redes sociais têm a ver com vaidade e com o feedback imediato que existe. Fico muito dececionado se escrevo qualquer coisa e recebo 15 ou 20 likes”, assume.
Ana também fica triste. “Às vezes dedico-me a escrever sobre um tema importante e relevante e as pessoas não reagem nada, faço um sobre sapatos e uma coisa completamente fútil, e de repente tem mil comentários. E o problema de as pessoas lerem tudo pela rama. São preguiçosas, não leem e só querem a informação mastigada e pronta a consumir”, explica. Uma conversa que passou pelo perigo do politicamente correto, pelos haters e pela necessidade de mais regulamentação e transparência dos conteúdos patrocinados.
Para terminar uma tarde de duelos improváveis, Rita Ferro Rodrigues e Rui Maria Pêgo juntaram-se, a convite da Visão para discutir como decidiram usar a sua popularidade em prol de causas. “Não me faz sentido ter uma voz que pode alcançar muita gente para tratar apenas da minha vidinha. Se tenho uma voz e tenho um cérebro, faz sentido usá-lo em causas nas quais eu acredito. E isto pode parecer fácil, mas não é. Para uma figura pública dano pessoal é muito maior do que o benefício”, sublinhou Rita Ferro Rodrigues.
Rui Maria tocou na tecla da diferença feita no dia a dia, porque todos podemos fazera diferença. “O que falta muitas vezes é empatia. Todos nós somos vítimas de discriminação ou de pertencer a uma minoria alguma vez na vida, e só nos conseguimos relacionar com o que está a acontecer quando nos colocamos na pele de outra pessoa. Para percebemos que somos todos a mesma coisa, apesar das nossas diferenças. Quando alguém acicata o ódio, é bom que perceba que isso podia acontecer consigo ou à sua volta.”
Durante as conversas, a artista plástica Rueffa esteve a fazer uma sessão de pintura ao vivo. Espreite aqui o video do passo a passo.