Sem surpresas, a transação de casas entre abril e junho, onde se incluiu o período de confinamento, caiu de forma significativa: venderam-se menos 10 mil casas (mais precisamente 10 134) em relação ao primeiro trimestre do ano, quando o mercado estava ao rubro e ainda longe do pesadelo Covid.
Números divulgados hoje pelo gabinete de estudos da APEMIP (Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal) mostram que no 2º trimestre deste ano foram transacionados 33 398 alojamentos familiares, o que correspondeu a um decréscimo de 23,3% quando comparado com a venda de 43 532 alojamentos no 1º trimestre de 2020.
Neste segundo trimestre de 2020, o valor das vendas ascendeu os 5,1 mil milhões de euros, um decréscimo de 15,2% face a idêntico período de 2019 (6 mil milhões de euros, no 2.º trimestre 2019).
Em termos regionais, no período em análise, foram vendidos 11 713 alojamentos familiares na Área Metropolitana de Lisboa, ou seja, cerca de um terço do total em número de unidades mas quase metade no valor global transacionado no mercado – o valor das habitações transacionadas na Área Metropolitana de Lisboa ascendeu aos 2,4 mil milhões de euros, representando um peso de 47% do valor total.
A Área Metropolitana do Porto contou com 5 572 transações com o valor das transações a fixar-se nos 832 milhões. Se a análise incluir toda a região Norte o valor sobe para os 1.2 mil milhões de euros, seguindo-se a região centro com 670 milhões.
No top 3 das zonas com menos casas vendidas estão a Madeira (525), os Açores (560) e o Alentejo(2293).
Para o Presidente da APEMIP, Luís Lima, estes resultados justificam-se necessariamente pelo surto de Covid-19, e seriam bem diferentes se a pandemia não existisse. “Nada fazia prever que o setor imobiliário registasse este comportamento no decorrer de 2020. Estávamos preparados para um ligeiro aumento do número de transações, eventualmente de uma manutenção, devido à falta de stock que se fazia sentir, mas nunca de quebras desta natureza que se justificam exclusivamente pelo período de confinamento e Estado de Emergência que vivemos, e que impediu a realização de muitos negócios”, disse o representante das imobiliárias.
Apesar da quebra no número de transações ocorridas no segundo trimestre, o Índice de Preços da Habitação registou uma subida de 7,8% em termos homólogos. “Não é assim tão surpreendente que, mesmo durante a pandemia, o imobiliário continue a registar subidas no segmento habitacional. Apesar de nas principais cidades os preços terem aumentado de uma forma mais célere, no resto do País esta valorização tem sido mais gradual, ajustando-se à procura e ao stock existente”, analisou o responsável.
Ainda que preocupado com o impacto que a pandemia terá na economia, e consequentemente no mercado imobiliário, Luís Lima considera que este setor continua a ser uma boa opção de investimento e que esta poderá ser uma boa altura para apostar no arrendamento de longa duração indo ao encontro da procura crescente.