O mercado imobiliário português, na sua vertente mais comercial (escritórios, retalho, hotelaria e logística) conseguiu atrair nos primeiros três meses deste ano 1,45 mil milhões de euros, “batendo todos os recordes de investimento”, apontou a consultora bPrime, no seu Prime Watch.
Um resultado que ficou marcado pela “venda de 50% da posição da Sonae, nalguns dos seus centros comerciais, impulsionando o setor do retalho para uma quota de mercado de 60%. O setor da hotelaria e dos escritórios somaram respetivamente 300 milhões de euros (21%) e 220 milhões (15%), em investimento imobiliário”, sublinha-se no relatório da consultora.
Recorde-se que a Sonae Sierra e o fundo de pensões holandês APG acordaram a venda de 50% do Sierra Fund, proprietário de seis centros comerciais em Portugal e Espanha, aos grupos seguradores Allianz e Elo. A transação que assegurou um encaixe financeiro de 525 milhões, envolve centros como o Colombo e o NorteShopping.
“Num ano atípico mantivemos a análise, pela qual o Prime Watch é reconhecido, mas decidimos adicionar alguns dados e comentários sobre o impacto desta conjuntura anormal, nestes primeiros meses de 2020. Embora o primeiro trimestre tenha sido um dos melhores de sempre no mercado português, a partir de abril, tudo se alterou e apesar de estarmos a assistir a sinais interessantes de retoma de atividade, essa tem vindo a ser assimétrica nos vários setores, com maior dinamismo nos escritórios e logística e ainda a aguardar por melhores tempos, no retalho e no turismo”, referiu Jorge Bota, diretor-executivo da bPrime.
O efeito da pandemia foi mais adverso no retalho, fruto do confinamento e do encerramento dos estabelecimentos comerciais, que se traduziram numa queda abrupta do consumo. Já o setor logístico está em sentido contrário, ou seja, “a pandemia foi-lhe favorável devido a um incremento vertiginoso do e-commerce, que expos a importância da logística ao garantir o fluxo entre o setor produtivo e o consumidor final”, aponta-se no estudo.
Já no segmento de escritórios, o mercado de arrendamento “continua a ser pautado pelo pré-arrendamento, que leva a que novos projetos cheguem ao mercado praticamente arrendados”, refere-se ainda.
Para este ano de 2020, da área prevista de novos projetos que ascende a 44.581m2 mais de metade já terá um ocupante final. A falta de oferta “não trouxe uma quebra nas rendas, tendo a prime atingido a fasquia dos 25€/m2”.
O Prime Watch prevê ainda “que vários investidores, com um perfil mais especulativo, venham a posicionar-se para adquirir imóveis ou carteiras inteiras no que diz respeito ao setor mais afetado pela pandemia (a hotelaria)”.