Pouco mas bom assim poderia ser descrito, de forma coloquial, o balanço do mercado de arrendamento de escritórios em Lisboa durante o mês de abril. Em pleno período de confinamento devido à pandemia foram transacionados 29.756 m2, três vezes mais área que no mesmo período de 2019, contribuindo para um total acumulado desde janeiro deste ano de 74.690 m2, um acréscimo de 39% em relação a 2019, revela a consultora Savills. Porém o número de transações foi substancialmente mais baixo em relação ao período homólogo, ou seja, de 55 em 2019 no primeiro trimestre desse ano, para 37 no mesmo período deste ano.
O que ‘salvou’ o resultado foi a escala de algumas operações como a concretização do arrendamento do Monumental (zona 1) que irá acolher o BPI com cerca de 17.000 m2 de área ou a do edifício Natura Towers (zona 7) pela Cofidis num total de 10.406 m2. Mas o Corredor Oeste (eixo A5 Lisboa-Cascais foi a zona que registou maior número de operações.
“Por um lado, o baixo número de transações registado em abril é sinal de um abrandamento não tanto da procura, mas sim da tomada de decisão face à incerteza económica que se vive atualmente. No entanto, dada a elevada escassez de espaços disponíveis, a pressão do mercado acaba por levar ao fecho das transações, pelo que o mês de abril não deixou de ser uma imagem fiel do mercado de escritórios lisboeta, em que a procura permanece francamente elevada face à oferta”, explica Rodrigo Canas, Associate Director do Departamento de Escritórios da Savills Portugal, realçando a “grande” dimensão das transações registadas em abril. “Este tipo de operações desenvolve-se de forma extensa no tempo, com alargados períodos de decisão e negociação, vindo a sua contabilização neste mês inflacionar os valores do período”.
Fonte: LPI analisado pela Savills Research
O setor de atividade dedicado às Instituições Financeiras, seguido das Empresas não Financeiras e pelo setor das TMTs & Utilities (Tecnologias de Informação), formam o top 3 das áreas que absorveram a maior ocupação desde o início do ano, todas elas superando os valores do período homólogo, tendo no seu conjunto absorvido 66.354 m2.
Porto também retrai
No mercado de escritórios do Porto o volume de absorção total relativo ao mês de abril situou-se em 1.564 m2, uma quebra de 85% de área alocada face ao mesmo mês de 2019, contabiliza a Savills. Ainda assim, o balanço dos primeiros 4 meses do ano permanece bastante positivo, com um acréscimo de 43% ao volume total de área de escritórios transacionada face ao período homólogo, fixando-se agora nos 21.013 m2.
A zona de mercado “CBD Boavista” permanece na liderança, com um total de 6.713 m2, mais 42% face a 2019.
“O Porto não perdeu a atratividade que tem vindo a ganhar de forma bastante acentuada ao longo dos últimos anos. A retração sentida na alocação de escritórios é temporária e expectável para o momento atual. Veja-se que em Lisboa e noutras cidades europeias, o comportamento tem sido em linha com o das cidades portuguesas, não havendo motivos para alarme”, afirma Rodrigo Canas.
Um outro sinal positivo que se pode tirar da performance do mercado de escritórios do Porto em 2020, é a cada vez maior transação de espaços com mais de 1.500 m2, que entre janeiro e abril de 2020 somaram 17.990 m2, face a apenas 6.938 m2 no mesmo período de 2019.