Já tem no currículo o título de um dos dez melhores fotógrafos de arquitetura do Mundo e agora viu o seu trabalho novamente reconhecido ao conquistar duas medalhas de ouro nos Estados Unidos, nos Muse Awards, disputada iniciativa que contou com a participação de 3.800 trabalhos vindos de 50 países de todo o mundo e que se candidataram em categorias diversas como Fotografia, Marketing, Publicidade ou Vídeo.
Arquiteto de formação e fotógrafo por paixão, João Morgado conquistou o painel de 50 jurados de nacionalidades diferentes com duas fotografias tiradas em geografias bem distintas: as Casas da Areia, um projeto edificado em pleno deserto assinado pelo ateliê Associated Architects Partnership, no Kuwait e o edifício de escritórios URBO Business Center, que acolhe atualmente as instalações do BNP Paribas, em Matosinhos, projetado pelo arquiteto Nuno Capa.
“Foram dois bons desafios – as Casas na Areia porque estive vários dias, em pleno deserto com temperaturas acima dos 45 graus, recorrendo muito ao drone, até conseguir o resultado pretendido. E o Urbo, é um edifício muito icónico, que capta a atenção de todos que por lá passam pela sua geometria e eu queria transmitir isso através da imagem”, conta à Visão João Morgado, o único português distinguido nos Muse Awards.
A paixão pela imagem esteve sempre bem presente, durante todo o período em que ainda, como estudante de arquitetura no ISCTE, foi fotografando projetos de ateliês de renome em Portugal como os Aires Mateus, Promontório ou Ricardo Bak Gordon.
Quando acabou o curso foi estagiar na Holanda com o prestigiado arquiteto Wiel Arets mas no final do estágio tomaria uma decisão de que nunca se arrependeu – trocar o exercício da arquitetura pela fotografia e criar a sua própria empresa.
“Estávamos em 2010, em plena crise, numa altura em que quase todos os meus colegas saiam de Portugal porque não havia cá trabalho. Eu fiz o caminho inverso e muitos aconselharam-me a não arriscar mas achei que não tinha nada a perder até porque a minha estrutura era mínima, eu fazia tudo – os contactos com os arquitetos e as publicações, a fotografia, a edição”, conta o fotógrafo arquiteto.
Dez anos volvidos, soma mais de 3.000 obras fotografadas, 25% das quais no estrangeiro. E em apenas cinco anos de atividade, em 2015, viria a receber um dos primeiros grandes reconhecimentos ao ser considerado pela revista americana Top Teny, um dos dez melhores fotógrafos de arquitetura do Mundo.
2020 está também a ser um ano imparável no reconhecimento do seu trabalho. Antes das medalhas de ouro que recebeu há uma semana nos Muse Awards, já tinha arrecadado um outro prémio em fevereiro, também nos EUA, atribuído pela Associação Americana dos Arquitectos, com a fotografia do premiado projeto das Piscinas das Marés, de Álvaro Siza Vieira, em Leça da Palmeira.
As experiências de trabalhar com o premiadíssimo arquiteto têm vindo a revelar-se, aliás, autênticos marcos na carreira de João Morgado. E à pergunta sobre o desafio maior que já teve até agora, responde rapidamente: “A Capela do Monte, em Lagos, do arquiteto Siza! Conseguir as melhores fotografias de um espaço tão pequeno, quase sem luz, foi, sem dúvida, um desafio maior. O arquiteto esteve comigo durante os três dias que durou o trabalho. Experienciar isso e entender a sua arquitetura foi muito especial”.
A formação como arquiteto confere-lhe a mais-valia de mais facilmente apurar o detalhe arquitetónico ou encontrar a luminosidade certa que faz brilhar mais a obra por isso acredita que retira o melhor de dois mundos. “Eu não deixei de ser arquiteto, estou em obra praticamente todos os dias. Aliás, como costumo dizer, a última fase da arquitetura é mesmo a fotografia”, rematou ainda.