São uma aves escuras e pequenas. Se um voasse por cima de si, teria dificuldade em identificá-lo na imensidão do céu. Mas esta espécie de aves agrupa-se em bandos gigantescos, de dezenas de milhares de indivíduos. Com o cair da noite, enchem o céu. Movem-se em uníssono, perfeitamente sincronizados, qual companhia de bailado de renome. E é até o cair do pano, que é como quem diz, até que o céu seja pintado de preto.
Como uma avalanche
Não é de hoje o fascínio pelos “murmúrios” dos estorninhos. Estas suas manobras evasivas são tão complicadas que levaram os físicos a interessar-se por perceber como funcionam.
São como uma avalanche, já alguém comparou: ou seja, o movimento de uma das aves afeta as outras. Há cinco anos, ao estudarem em conjunto os bandos de milhares de estorninhos que sobrevoavam os céus de Roma, um grupo de investigadores de diferentes países chegou a uma explicação surpreendente. Com a ajuda de máquinas de filmar, descobriram que, quando um estorninho muda de direção, os sete estorninhos mais próximos copiam o seu movimento; cada um desses sete afeta mais sete e assim sucessivamente.
Como os pássaros vão assumindo a posição do pássaro anterior, nasce uma espécie de onda. A mensagem é propagada a uma velocidade tão constante e rápida (aproximadamente 20 a 40 metros por segundo) que o bando nunca se desfaz, escreveram os cientistas no relatório que publicaram na revista científica Nature Physics. Pelo contrário. Mantém-se unido, mudando de forma com uma fluidez que lembra o comportamento do hélio superfluido.
Um outro estudo revelou que os estorninhos também reagem ao claro-escuro dentro do bando: se notam a existência de mais luz, cerram fileiras. O que faz todo o sentido se pensarmos que muitos destes movimentos são reações a ataques de predadores.