Como vem na Wikipédia, o termo quarentena originou-se na prática medieval de manter sem comunicação nos portos em que arribavam, durante quarenta dias, os navios procedentes de determinadas áreas e sobretudo do oriente. Na prática atual, a quarentena corresponde ao período máximo de incubação da doença.
Estas 40 fotografias que vos mostro dizem respeito à minha quarentena, que começou no dia 14 de março – são fotografias em que a estética muitas vezes ficou para trás porque o prioridade era cuidar. São um pouco do que foram os meus dias, uns de verdadeira quarentena outros de trabalho e outros da mistura das duas coisas.
Quando estava a escolher estas fotografias percebi que o assunto mais fotografado foram as escadas do prédio dos meus pais, talvez porque depois de varias quedas da minha mãe, neste espaço fico sempre com medo cada vez que sei que eles foram dar uma volta ou despejar o lixo. Mas quando ontem resolvi contar o numero de degraus é que percebi um pormenor e fiquei ainda mais preocupado: é que são 40 degraus, o que me deixa com o pensamento dividido entre, por um lado, o “que bom que já passaram 40 dias” mas, por outro, o desejo que venham mais e eles possam contar aqueles 40 degraus durante muito mais tempo.
Deixo a última fotografia a cores como sinal de esperança (também porque a P&B não se percebe o que é). São cravos que estão num atrelado para irem para o lixo porque este ano a nossa liberdade não vai ter capacidade de os consumir. Não partilho da frase feita “Vai ficar tudo bem”, mas os que cá ficarem tem a obrigação e a sorte de não esquecerem aqueles que nunca mais cá vão estar para poder voltar a segurar um cravo na mão.