E se para fazer uma pesquisa online só precisasse de pensar? Quem diz uma pesquisa também diz enviar um email, partilhar um desabafo nas redes sociais ou escrever um artigo num blogue. Algo ao estilo “o Homem quer, o cérebro sonha e a obra nasce… no computador”. O que durante décadas pertenceu ao domínio da ficção científica, começa agora a tornar-se num objetivo alcançável. São várias as universidades, empresas e investigadores que estão a investir forte nos chamados interfaces cérebro-computador não invasivos. O nome ajuda a perceber bem aquilo que se pretende: conseguir uma forma que permita ao cérebro comunicar diretamente com um computador e vice-versa, sem ser necessário ter fios a ligar as partes. O objetivo passa por criar equipamentos que consigam fazer leituras das atividades cerebrais dos utilizadores, interpretar essa informação e “traduzi-la” numa linguagem que o computador consiga perceber, ao ponto de executar o comando pensado. Recentemente foi dado um passo importante neste sentido. Uma investigação da Universidade da Califórnia, e que conta com a participação do Facebook, conseguiu, pela primeira vez, descodificar em tempo real um pequeno número de palavras e frases que tiveram como ponto de partida a atividade cerebral. O algoritmo criado apenas permite, por agora, o reconhecimento de um número limitado de palavras, mas o Facebook acredita que novos desenvolvimentos vão permitir aumentar o número de termos reconhecidos, como também diminuir a taxa de erro das traduções. Os resultados conseguidos ainda dizem respeito a dados recolhidos através de implantes cerebrais, mas a empresa americana está a trabalhar num sistema que usa luzes de infravermelhos para fazer uma medição não invasiva do nível de oxigénio que está a ser consumido pelos neurónios, o que permite fazer uma “radiografia” da atividade cerebral. Imagine uns óculos que conseguem “ler” e perceber o cérebro. O grande objetivo da equipa de investigação é conseguir traduzir 100 palavras por minuto, reconhecer um total de mil palavras e garantir uma taxa de erro abaixo dos 17%. Também recentemente uma equipa de investigadores da Universidade Carnegie Mellon, em colaboração com a Universidade do Minnesota, ambas dos EUA, conseguiu criar o primeiro interface cérebro-computador não invasivo que permite controlar, apenas com o pensamento, um braço robótico. Num vídeo de demonstração, o utilizador foi capaz de seguir com o dedo robótico o posicionamento de uma bola que era mostrado num ecrã e sempre com movimento naturais. Isto foi possível graças a sensores cerebrais mais poderosos: quanto melhor a fonte de informação, melhor o resultado da tradução.
É importante porque…
Os interfaces cérebro-máquina vão permitir que pessoas com lesões cerebrais e deficiências motoras possam comunicar e interagir com dispositivos eletrónicos de maneiras que até aqui não são possíveis. Métodos de interação como o rato e o teclado podem desaparecer por completo, mas ainda há questões, éticas e de privacidade, que precisam de resposta.
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