A disrupção digital é vista, muitas vezes, como uma forte ameaça às seguradoras, particularmente para aquelas que operam em sectores mais tradicionais. Habitualmente, estas organizações estão bastante envolvidas em processos de fusão ou aquisições, sendo-lhes por isso muitas vezes exigida uma ação rápida, senão imediata às mudanças do paradigma de negócio, sobretudo no que diz respeito à interação com clientes e parceiros, o que não raramente acontece em simultâneo com a gestão de complexos processos de transformação internos.
Estas circunstâncias de grande mudança devem ser encaradas, do meu ponto de vista, como oportunidades de disrupção e como alavancas de crescimento. A disrupção digital e a transformação que lhe está associada criaram processos mais ágeis, experiências de utilização mais simples e um ecossistema tecnológico de suporte à mudança. E é este ecossistema que importa utilizar de forma disruptiva, para mudar e agilizar o motor interno da organização.
Este ecossistema, se pensado numa perspetiva estratégica como alavanca de crescimento, deverá ser construído em arquitetura cloud, utilizando como base soluções ”low-code” para interfaces de utilização, integradas de base em microserviços e recorrendo a um “data store” agnóstico ao software existente (legacy). Tem igualmente de suportar as necessidades da operação, de forma ágil, e representar o modelo de crescimento da organização.
Mesmo nos negócios mais tradicionais, como no setor Vida, um ecossistema de transformação digital potência não apenas o desenvolvimento de novos produtos, mas também a integração com serviços de parceiros. Oferece ao cliente um contato único para várias necessidades de proteção, permite adicionar coberturas especificas e posicionar a seguradora como um veículo de investimento. Tecnologicamente bem alicerçada uma estrutura de disrupção como esta tem poucos limites.
Todos os conceitos que abordei até agora aplicam-se diretamente à consolidação de carteiras, por via de fusões e/ou aquisições por onde comecei esta reflexão. Ecossistemas tecnológicos e modelos de funcionamento como estes têm-se revelado profundos aceleradores de processos de integração. Tudo o que se pretende garantir num processo desta natureza, como a uniformização de processos, a consolidação de produtos, a operação única, tira proveito direto de um ecossistema de transformação digital, de forma bem mais ágil se comparado com as tradicionais e caras migrações.
Em resumo: as seguradoras, mesmo operando em negócios mais tradicionais, não se podem alhear do caminho da transformação digital. Escolhendo o ecossistema tecnológico certo, estarão certamente mais preparadas, quer para uma adaptação permanente às necessidades dos clientes, quer para crescerem por integração de novos negócios, parceiros e serviços.