Passamos por um período de incerteza. Devido à corrente pandemia, imensos postos de trabalho são afetados pela impossibilidade de serem realizados presencialmente, prejudicando tanto os funcionários como as empresas. Enquanto que alguns destes postos podem ser realizados remotamente, graças à informatização dos mesmos, os restantes são sujeitos a diversos predicamentos como redução de horários, layoffs ou, no pior dos casos, a cessação de contratos, levando assim a uma elevada taxa de desemprego.
No setor das Tecnologias de Informação (TI), o impacto é inferior, dado que grande parte do processo já poderia ser realizado através de teletrabalho. Assim, aplicando ajustes à forma como os vários membros das empresas operam, continua a ser possível cumprir prazos estabelecidos e manter uma posição no mercado. É também através deste tipo de situações que existe um investimento na digitalização de negócios e fornecimento de serviços, reforçando a presença dos departamentos de TI como elementos essenciais de um plano de continuidade de negócio bem-sucedido para as empresas.
Dado que, para muitas empresas, o próximo passo será a informatização dos seus serviços, é dedutível que continuará a ser necessário recrutar profissionais qualificados para uma área que, por si só, já é bastante atrativa e que apresenta uma constante procura no mercado (apresentando cerca de 19 mil vagas por preencher segundo estimativas de março de 2020). Sendo que o processo de formação comum (Licenciatura) demora cerca de três a cinco anos, e existem indivíduos cuja atividade foi suspensa indeterminadamente, porque não possibilitar a requalificação através de um curso intensivo onde estes possam adquirir um conjunto de competências relacionadas com desenvolvimento de software?
Requalificar profissionais na área da tecnologia
Quem trabalha com TI notará que existe um esforço para tornar as ferramentas que utilizamos mais user-friendly, substituindo a antiga linha de comandos por aplicações com botões facilmente identificáveis. Tal é realizado através de um conjunto de boas práticas de design, cujo intuito é reduzir o tempo necessário de adaptação a estas ferramentas. Tomando proveito deste investimento, é possível formar um individuo num conjunto de capacidades tanto teóricas como práticas, de forma intensiva em três a quatro meses, cabendo aos formandos explorar as ferramentas através de documentação e mini-projetos com acompanhamento do formador.
Naturalmente, formar alguém nestas áreas num espaço de quatro meses não é fácil. Os formandos deverão ser dotados de um conjunto de capacidades que apenas podem ser identificadas através de uma série de entrevistas onde os candidatos deverão demonstrar uma vontade inigualável de aprender, abertura para trabalhar em equipa, e competências na interpretação e resolução de problemas através de raciocínio lógico e matemático. Através destas entrevistas não só é possível selecionar um conjunto de candidatos aptos para um curso intensivo, mas apresentar aos mesmos o que será o futuro nesta área de forma a que compreendam se realmente vai de acordo com os seus objetivos a longo prazo.
Aprender, experimentar e crescer
Em cursos de curta duração existem vários fatores que afetam o grau de exigência de cada tópico abordado, sendo a qualidade dos materiais didáticos e a capacidade do formador duas das mais importantes. Mas o fator decisivo para o sucesso de um formando é a sua atitude. Absorver informação e fazer exercícios poderá não ser o suficiente. Este deverá investir algum do seu tempo pessoal para explorar o que existe para além do que é lecionado, compreendendo outros tópicos que são mencionados nas aulas, experimentando as ferramentas e as linguagens que são apresentadas e, por tentativa e erro, compreender os seus pontos fortes e as suas limitações para que as tente superar confortavelmente. Se o formando não for capaz de ser proativo, muito dificilmente conseguirá corresponder ao que é esperado para que possa ter um futuro numa área que está em constante evolução.
Aumento de oferta em fase de crescimento de taxa de desemprego
Atualmente existem vários programas de requalificação, como o Recodme que é apoiado pela agap2IT, KCS iT, Bee Engineering, Adentis e Decode. Diferenciam-se nas stacks tecnológicas utilizadas, a enfâse em front-end ou back-end e na sua finalidade, seja esta a introdução no mercado, o reforço/aquisição de conhecimentos ou requalificação.
Apesar de diferentes, todos estes cursos de formação são importantes não só para recém-licenciados que não se sentem confortáveis para entrar no mercado como para quem procura novas perspetivas de futuro, desde que seja capaz de acompanhar o curso. Espera-se também que com estes projetos de requalificação seja possível combater potenciais ondas de desemprego como a que atualmente nos deparamos.