Como parte do plano de conferir mais atributos humanos à Inteligência Artificial, a Amazon pretende que a assistente digital Alexa seja capaz de ouvir e imitar as vozes de pessoas já falecidas. Foi no palco da conferência re:MARS, realizada na semana passada, que a gigante tecnológica fez uma primeira demonstração desta tecnologia de sintetização de vozes, com a Alexa a ler uma história a uma criança com a voz da sua avó. A Amazon não anunciou quando é que a tecnologia vai estar pronta para o consumidor final.
Rohit Prasad, vice-presidente da Amazon, explica que o sistema vai ser capaz de recolher os pontos de dados necessários com apenas um minuto de gravações de voz, em vez das muitas horas necessárias atualmente em estúdios de gravação. O executivo acredita que a ferramenta vai ser bem vista pelos utilizadores, especialmente “nos tempos de pandemia atuais, em que tantos de nós perdemos alguém que estimamos (…) Embora a IA não seja capaz de eliminar a dor da perda, pode definitivamente fazer as memórias perdurar”, explicou o responsável, citado pela CNN.
O processo de colocar assistentes pessoais com vozes conhecidas não é novo: a Alexa já integra as vozes de figuras públicas como Samuel L. Jackson ou Shaquille O’Neal. A melhoria trazida aos sistemas de Inteligência Artificial permite agora que qualquer utilizador possa alimentar a máquina com gravações de qualquer pessoa para ensinar o algoritmo e permitir que seja imitada a voz dessa pessoa.
Num outro exemplo recente, no filmeTop Gun: Maverick, a voz de Val Kilmer que ouvimos foi criada por um sistema da Sonantic, depois de o ator ter perdido a voz devido a um cancro na garganta.
Adam Wright, analista da IDC Research, explica o esforço da Amazon: “Têm a capacidade, a tecnologia e estão sempre à procura de formas de elevar os assistentes pessoais e a experiência doméstica inteligente (…). Há certamente alguns riscos, como o da voz e as interações inteligentes não corresponderem bem às memórias do ente falecido daquele utilizador”. Ainda assim, o especialista acredita que a entrada da Amazon neste domínio vai fazer com que outros se sigam e comecem a fazer e anunciar as suas próprias experiências neste campo.