Naquele que foi um dos maiores acordos do género, a Google alcançou entendimento com a APIG (Aliança da Imprensa de Informação Geral) em França para o pagamento de uma compensação de 76 milhões de dólares para 121 publicações. A APIG é um dos grupos de lóbi com maior representatividade em França e o acordo alcançado em janeiro é o primeiro deste tipo na Europa, com a gigante a pagar pela apresentação de excertos de notícias nos resultados de pesquisas. Agora, a Reuters cita fontes próximas para revelar que a Google colocou o acordo em suspenso, enquanto aguarda uma decisão da entidade da Concorrência em França que pode definir o tom das futuras discussões sobre direitos de autor naquele país.
Algumas publicações, como o Le Monde, o Le Figaro e o Liberation, conseguiram chegar a acordos individuais, antes desta negociação em grupo pela APIG com a Google.
A entidade francesa da Concorrência não revela quando é que irá tomar a decisão que pode afetar este processo, a APIG não comentou o tema e a Google apenas referiu que “estamos a trabalhar com as editoras, a APIG e a entidade francesa da Concorrência para finalizar os nossos acordos e assinar mais negócios”.
As negociações terão sido suspensas em fevereiro, depois de um relatório apresentado por investigadores antitrust. Nesse relato, os investigadores acusam a Google de não seguir as indicações do regulador na condução das negociações com as editoras sobre os direitos de autor. Agora, a entidade reguladora terá de decidir se aplica ou não alguma sanção à Google, com base nestas conclusões.
As instruções da entidade eram que a Google mantivesse negociações “transparentes, objetivas e não discriminatórias” de boa-fé com os editores que a abordassem. A Google reitera que sempre agiu dessa forma, mas muitos órgãos de comunicação social franceses têm outro entendimento. Laurent Mariac, co-presidente do Spill, um sindicato para editores independentes de notícias online, afirma que “o acordo APIG-Google é um exemplo perfeito daquilo que não deve ser feito”, referindo-se ao facto de que todas as editoras ficam obrigadas a fornecer os seus conteúdos para o produto Google News Showcase. O presidente da Google em França, Sebastien Missoffe, afirma que a empresa está pronta para negociar com outras entidades além da APIG e disponível para ceder alguns dos dados de tráfego online – que determinam o valor das notícias – a uma entidade independente.