No início de dezembro, a Facebook anunciou que removeu mais de 12 milhões de conteúdos que lançavam dúvidas sobre a eficácia e segurança das vacinas e avançavam teorias falsas sobre a pandemia, enquanto trabalhou com verificadores de factos para classificar mais de 167 milhões de conteúdos, entre março e outubro. Nessa altura, a empresa reforçou o compromisso de promover um ambiente mais limpo e com informações corretas nas duas plataformas sociais. No entanto, especialistas ouvidos pelo The Guardian concluem que continuam a existir contas com um grande número de seguidores a prosseguir a disseminação de desinformação sobre estes temas. Noutro sentido, figuras proeminentes ligadas a campanhas anti-vacinação mudaram-se do Facebook para o Instagram e continuam aí a espalhar informações falsas.
O Center for Countering Digital Hate (CCDH) monitorizou a evolução do movimento anti-vacinas e afirma que “qualquer coisa menor que desmantelar os perfis, páginas e grupos destes indivíduos e uma permanente exclusão do serviço, agora que se sabe o que se está a passar, é um consentimento voluntário”.
Recorde-se que a OMS já estabeleceu, antes da pandemia, que a hesitação face às vacinas, ou seja, a relutância em tomá-las mesmo quando estão disponíveis, constitui uma das dez principais ameaças à saúde pública global.
Atualmente, assistimos a uma migração dos que são anti-vacinas para diferentes plataformas. Veja-se o caso de Del Bigtree que, com mais de 15 milhões de visualizações, ficou sem o seu canal de YouTube em julho, viu o seu perfil de Facebook, com mais de 350 mil seguidores, encerrado em novembro e se mantém agora com uma conta no Instagram onde tem mais de 212 mil seguidores e publica vídeos que têm entre 30 mil e 150 mil visualizações. Nenhum dos vídeos recentes recebeu a classificação de verificação de factos.
Kolina Koltai, da Universidade de Washington e que tem estudado o fenómeno anti-vacinação desde 2015, explica que o ‘truque’ na hesitação de vacinação passa pelos temas que trazem dúvidas e questões e não necessariamente pela afirmação de falsidades completas que podem facilmente ser rebatidas.
Anna-Sophia Harling, responsável pela unidade europeia da NewsGuard, confirma que “o Instagram tem um grande problema de vacinas para Covid-19”, realçando que “muitas das contas que foram removidas do Facebook mantêm-se ativas no Instagram”.
Um porta-voz da Facebook (que também detém o Instagram) explica que estas páginas não violaram vezes suficientes as políticas daquela plataforma para poderem ser removidas ou suspensas, lembrando que as violações no Facebook não contam para os limites do Instagram, mesmo que seja a mesma pessoa a operar as duas contas.