Ribau Esteves, presidente da Câmara Muncipal de Aveiro, aproveitou a passagem pela mostra de tecnologia TechDays para dar a conhecer um pouco do projeto Steam City e deixar duas promessas: 1) Em breve, vai ser lançado o concurso para o desenvolvimento e produção de ferry boat elétrico; e 2) o processo de escolha dos locais que vão receber as primeiras antenas 5G em Aveiro está em vias de ser fechado.
Como é que está a decorrer o Projeto Aveiro Steam City?
O projeto foi aprovado há cerca de um ano pela Comissão Europeia. Temos três anos para desenvolver este projeto… e já temos o primeiro ano executado. Os objetivos são basicamente estes: capacitar a comunidade para estas matérias das tecnologias, com a instalação de laboratórios tecnológicos em escolas do primeiro ciclo, com trabalho de formação de profissionais e bootcamps com ações de formação para adultos no desemprego ou que querem mudar de emprego, usando as novas tecnologias. E há ainda o objetivo de desenvolvimento de redes móveis de quinta geração (5G). A Altice Labs é um dos nossos parceiros e está a desenvolver componentes da 5G para uma plataforma urbana que vai permitir que os gestores públicos tenham melhor informação para gerir a urbanidade. E vai permitir que os cidadãos tenham acesso a conjuntos de informação ligados à mobilidade, e parâmetros ambientais. E temos também uma componente de projeto piloto na área da mobilidade, da energia e do ambiente. Nestes TechDays (que decorrem em Aveiro), já apresentamos um protótipo numa fase final de desenvolvimento, que está relacionado com a introdução de motores elétricos nos (barcos) moliceiros, que são usados pelos nossos operadores turísticos. Depois há um conjunto de desafios que são abertos para os interessados apresentarem projetos…
Que desafios são esses?
Queremos que as pessoas aproveitem uma fatia dos 4,9 milhões de euros de investimento do Aveiro Steam City para poderem ter recursos financeiros e desenvolverem as respetivas ideias, ou terem ações de formação para se capacitarem para o uso das tecnologias. Já lançámos o concurso relacionado com os desafios… foi lançado no mês de setembro e está a decorrer agora o período normal das candidaturas, para depois as avaliarmos e aprovarmos as melhores.
Não se poderia pensar em algo mais abrangente que desenvolver moliceiros elétricos?
Não sei o que considera «mais abrangente». É bom que tenhamos a consciência que em matéria da transição energética tudo se faz com pequenos passos e pequenos contributos. Ninguém vai mudar o mundo de repente. Claro que os grandes produtores da área dos transportes e da indústria também vão dando o seu contributo, mas este é um processo evolutivo, com pequenos contributos. Quando falamos em introduzir 27 moliceiros elétricos nos nossos operadores significa que vai haver uma redução de 400 toneladas de CO2 por ano. Pode dizer que é pouco em relação a outros programas, mas é muitogrande em relação a outros contributos que já deveriam ter nascido e ainda não nasceram. Em novembro, a Câmara Municipal de Aveiro vai lançar um concurso internacional para a construção de um ferry (boat) elétrico, para substituir o nosso ferry que faz a ligação a São Jacinto. É um investimento de cerca de cinco milhões de euros, que é cofinanciado por fundos comunitários, e que vai dar um contributo gigante para a redução da nossa pegada ecológica. Temos três autocarros elétricos num operador, que é a Transdev, que conta com 1500 autocarros em Portugal. Os únicos autocarros elétricos da Transdev operam em Aveiro. Dei três exemplos de algo que já existe, algo que estamos a prototipar e algo que vamos lançar no próximo mês. São contributos importantes também na componente de marketing e de mobilização dos cidadãos.
Aveiro sempre vai tornar-se numa das cidades escolhidas para os primeiros testes de 5G?
O Steam City é um contributo (para a 5G), mas a liderança desse projeto – e é um privilégio que nós temos – é da Altice Labs, que está aqui, em Aveiro, com 700 engenheiros. A primeira antena 5G instalada em Portugal encontra-se no campus da Altice Labs. É este ecossistema que existe na Universidade de Aveiro que nos permite estar na linha frente deste processo. Vamos ser a primeira cidade 5G de Portugal e uma das primeiras do Sul da Europa. É uma aposta. Ser a primeira cidade 5G não é para conquistar troféus, mas sim porque acreditamos que essa tecnologia vai reduzir custos e permitir lançar novos serviços para todos os cidadãos. É esse o nosso objetivo.
Em que ponto é que se encontra esse projeto? Quer avançar datas para o lançamento do 5G em Aveiro?
Repito: a primeira antena 5G já está instalada no campus da Altice Labs; há duas semanas fizemos um simulacro de um acidente rodoviário, com bombeiros, polícias e etc., usando tecnologia 5G. E pudemos assistir em tempo real às vantagens da velocidade da comunicação e estamos, neste momento, a fechar do processo de definição dos locais que vão receber as primeiras antenas 5G na cidade. Essas antenas vão ficar maioritariamente em edifícios públicos. E é esta rede base que vai permitir desenvolver mais aplicações. A Autoridade Nacional das Comunicações (Anacom) ainda não acabou o trabalho da definição de encargos para atribuição de licenças. O Governo, depois do trabalho da entidade reguladora, tem de lançar o concurso para atribuição e licenças. A partir daí, deixamos de estar a fazer trabalho de desenvolvimento de projetos-piloto que são fundamentais, para passarmos para o desenvolvimento comercial, assim que os operadores tenham licenças.
A Anacom não pode fornecer uma licença temporária? Em que data poderão arrancar estes testes?
A Câmara Municipal solicitou uma licença. Ainda não teve uma resposta oficial, mas já teve uma resposta na prática. Já temos uma antena instalada… mas a rede que vai ser instalada para termos mais aplicações vai ser instalada até ao início do próximo ano de 2020. E durante 2020 vão ser desenvolvidas aplicações – sendo que algumas delas já poderão ser usadas pelos cidadãos, nesta lógica de piloto. Esperamos que o Governo lance o concurso e atribua as licenças para que, pelo menos em algumas dimensões, estas matérias possam começar a entrar no circuito comercial normal