As startups de tecnologias da informação atraíram metade (49,74%) do investimento feito em jovens empresas portuguesas nos últimos dez anos. O setor ficou à frente de segmentos como o retalho (20,62%), serviços de saúde (12,93%) e energia e sustentabilidade (4,11%) na captação de investimento.
Os dados foram revelados nesta quarta-feira pela aceleradora de empresas BGI e contemplam uma análise feita a mais de 500 startups criadas em Portugal. Segundo os valores apurados, as startups portuguesas receberam, em média, 10 milhões de euros de investimento em 2018, um valor em muito influenciado pela ronda de financiamento conseguida pela OutSystems. A média até ao terceiro trimestre de 2019 é de 2,75 milhões de euros de financiamento conseguido por startup em Portugal, mas o número vai ser revisto em alta por causa da ronda conseguida esta semana pela Unbabel.
Em comparação, no ano de 2009 o valor médio de investimento captado pelas startups portuguesas era de 72 mil euros.
De acordo com os dados apresentados, as startup de tecnologia são também as que apresentam maior receita. Considerando apenas as jovens empresas criadas a partir de 2013, o volume de receitas das startups de tecnologias de informação é superior a 32 milhões de euros, um pouco acima dos 30 milhões registados pelas startups da área do retalho.
«Muitos investidores sentem que é mais fácil recuperar o investimento [nas tecnologias da informação]. Os investidores estão focados em receitas de curto prazo», explicou Otito Dosumu, gestor de produto da BGI. Questionado sobre se 30 milhões de euros é um valor baixo para o setor, o responsável sublinhou que há muitas empresas cuja faturação ainda é pequena.
EUA são o maior investidor
O investimento estrangeiro domina a aposta em startups portuguesas: representa uma fatia de 66,84% do investimento, contra 27,86% do investimento que teve origem em Portugal. Os EUA são a maior fonte de investimento no ecossistema português, ao representarem 33,99% do dinheiro investido. Segue-se o Reino Unido com 11,22% e a França com 3,30% – o dinheiro oriundo de fundos da União Europeia não foi contemplado na análise.
Destaque ainda para o facto de o Porto ser a região portuguesa que mais investimento atrai – 36,71% do total -, superando Lisboa (28,44%) e Coimbra (11,99%).
«Há muita tecnologia disruptiva no Porto, tens exemplos de empresas como a Veniam e a DefinedCrowd. O Porto tem um centro de inovação significativo em Portugal», explicou Otito Dosumu, que destacou depois a importância de Lisboa como um primeiro ponto de referência sobre o ecossistema de startups do país – algo que também se deve à Web Summit.
«O mais importante da Web Summit é imagem de marca que dá a Portugal. Antes só conhecia Portugal pelo Cristiano Ronaldo. Depois quando cheguei e vi o ecossistema, percebi que a Web Summit fez muito pela imagem de Portugal», exemplificou o gestor da BGI, mas sem dar dados específicos sobre o impacto do evento de empreendedorismo no ecossistema português.