Numa floresta, especialmente depois das chuvas, é comum ouvirem-se vários sons da Natureza. Uma equipa de investigadores do Japão descobriu agora que também há uma espécie de cogumelos que comunica com sons subterrâneos, através de sinais elétricos, e que esse falatório é propiciado pela chuva.
Os investigadores focaram-se na espécie Laccaria bicolor, que encontraram no solo de uma floresta perto da Universidade de Tokohu, no Japão. Estes cogumelos formam relações simbióticas com algumas plantas e até com árvores de grande porte, como carvalhos ou pinheiros, aumentando a entrada de água e nutrientes, em troca de hidratos de carbono. Trabalhos anteriores sugerem que estes cogumelos conseguem também atrair insetos e matá-los, possivelmente com uma toxina, e alimentando as árvores anfitriãs com o seu nitrogénio.
É no exterior das raízes dessas árvores que estes cogumelos constroem camadas subterrâneas, feitas de filamentos que depois se juntam em diferentes redes. Estas redes podem depois acabar por constituir uma espécie de ‘wood-wide web’, com florestas inteiras a comunicar através de sinais químicos por aí transmitidos.
No caso das redes dos cogumelos, há vários indícios que apontam para o facto de alterações ambientais poderem desencadear as comunicações, como é o caso da chuva. Um estudo de 2022 descobriu padrões como atividade nervosa comparável à estrutura do discurso humano, conseguindo-se encontrar até 50 ‘palavras’ diferentes, ou grupos de atividade elétrica distintos.
Para este trabalho agora, os investigadores colocaram elétrodos nos cogumelos em análise e monitorizaram o potencial elétrico, medido em milivots, durante dois dias. No primeiro o tempo estava seco e soalheiro e no segundo havia chovido bastante. Após apenas duas horas de chuva, os cogumelos evidenciaram novos sinais de atividade elétrica. “O potencial elétrico começou a flutuar após as chuvas, indo muitas vezes acima dos 100 mV”, afirma Yu Fukasawa, que liderou os trabalhos.
Apesar de o estudo ainda não ser definitivo e carecer de mais investigação, a equipa “confirma a necessidade de mais estudos no potencial elétrico de fungos num verdadeiro contexto ecológico”.