Os microfones usados pela equipa de biólogos marinhos na costa de Goa permitem ouvir a vida marinha, conhecer mais sobre o seu comportamento, os seus movimentos e resposta a mudanças ambientais, de forma não intrusiva. A equipa do CSIR-NIO (Council of Scientific and Industrial Research’s National Institute of Oceanography) colocou um hidrofone a 65 pés de profundidade e durante vários dias gravou centenas de sons de ‘coros’ de peixes, sons de elevada frequência de camarões e o restolhar de passagens de barcos.
Bishwajit Chakraborty, um dos investigadores envolvidos, explica que “ao usar sistemas de sonar ativos, adicionamos sinais de som aos media aquáticos, o que afeta severamente a vida marinha. Percebemos que ao usar acústica passiva, ou seja, hidrofones para gravar sons subaquáticos, podemos gravar sons e conduzir os nossos estudos sem adicionar qualquer som aos meios que possam afetar a vida dos organismos subaquáticos”, cita o Motherboard.
A investigação em questão foi conduzida na zona de Goa devido à presença de um sistema de recifes de coral ativo, facilmente acessível o que simplificou a logística. A equipa usou depois aprendizagem de máquina para combinar sons de diferentes espécies marinhas, perceber que há peixes que sincronizam as suas ‘canções’ com as fases da Lua. Além de dezenas de espécies de peixes conhecidos, os investigadores captaram um zumbido estranho, de um animal ainda por identificar, mas que se assemelha a outro que foi escutado na Carolina do Norte, nos EUA. “A falta de um repositório centralizado é uma grande lacuna e não nos permite confirmar quais as espécies. Sons não identificados podem ajudar a fornecer informação valiosa sobre o panorama”, conta Chakraborty.
Muitos estudos semelhantes captaram sons misteriosos, que podem ser encontrados, por exemplo, no canal de YouTube criado pela estudante no Instituto de Biologia Marinha do Havai, Annie Innes-Gold.
“A monitorização acústica vai permitir-nos saber mais sobre o clima, sobre as alterações de longo prazo na condição física e biológica dos organismos e ambientes subaquáticos. Por exemplo, como os recifes de coral são um hub de biodiversidade, conduzir estudos acústicos aqui é essencial para perceber o estado e a saúde destes recifes e dos seus habitantes”, justificou Chakraborty.