À superfície da Lua estão milhões de fragmentos de vidro que contêm, potencialmente, milhares de milhões de toneladas de água que podem vir a ser extraídos e usados pelos astronautas em futuras missões lunares. Os investigadores consideram que esta descoberta evidencia uma potencial nova fonte de água no astro natural, mas também de hidrogénio e oxigénio. Mahesh Anand, envolvido no projeto, considera que “estamos perante uma das descobertas mais excitantes” feitas em solo lunar.
Numa altura em que a NASA se prepara para voltar a colocar humanos na Lua com a missão Artemis e a ESA planeia construir uma colónia lunar, esta descoberta pode vir a facilitar os trabalhos, no sentido em que existem materiais na Lua para sustentar estas bases e missões.
Os fragmentos de vidro analisados medem menos de um milímetro, devem ter sido formadas com a colisão de meteoritos contra a superfície que criaram ‘chuveiros’ destas partículas derretidas e que, ao solidificar, se misturaram com a poeira. Os testes iniciais, juntamente com as estimativas também iniciais, apontam para a existência de 300 milhões a 2,7 mil milhões de toneladas de água em toda a superfície da Lua sob esta forma, noticia o The Guardian.
“Se conseguirmos extrair a água e concentrá-la em quantidades significativas, depende de nós como a queremos usar”, explica Anand. A forma dos fragmentos em ‘contas’ de vidro minúsculas pode também significar que o processo de extração e conversão pode ser facilitado.
Esta água ter-se-á formado também com a fusão de partículas de elevada carga energética provenientes do Sol, os ventos solares, com as gotículas derretidas, dando origem a uma combinação do núcleo de hidrogénio das primeiras com o oxigénio das segundas. Ao aquecer as contas, obtém-se água.
Ian Crawford, professor de Ciências Planetárias e Astrobiologia na Universidade de Londres, conta que “este trabalho vem acrescentar ao consenso crescente de que a Lua é muito mais rica em água do que o inicialmente pensado”.