Meticulosa e atenta ao mais ínfimo detalhe, Ana Ferreira, professora de sismologia no University College de Londres, preparou o trabalho de campo do projeto UPFLOW- Upward mantle flow from novel seismic observations, no qual se analisa, pela primeira vez, a estrutura do fluxo ascendente do magma na região do Atlântico, na região dos Açores, Madeira e Canárias, de tal forma que nem o caprichoso mar dos Açores lhe deu a volta aos planos. A missão era gigantesca: espalhar pelo fundo do oceano, em profundidades que atingiram os cinco mil metros, 50 estações sísmicas (OBS) e recolhê-las um ano depois, com os cartões de memória intactos. A preparação do trabalho, financiado com uma bolsa do Conselho Europeu de Investigação (ERC), no valor de 2,84 milhões de euros, exigiu tramitações com a Alfândega, a partilha de material de vários institutos de investigação portugueses e estrangeiros e a coordenação de uma grande equipa de cientistas e marinheiros. A ponto de uma semana antes de partir para o mar, a bordo do navio Mário Ruivo, do IPMA, chegou a pensar “no que é que me fui meter”, confessa. Mas ainda bem que assim foi. Os resultados desta epopeia serão úteis para perceber melhor a ocorrência de sismos e vulcões, mas também os movimentos de migração dos cetáceos e até o impacto do ruído feito pelos navios na vida marinha em profundidade.
Quando se fala em estudo de sismos pensamos logo na possibilidade de os prever. Como estamos neste capítulo?