Um engenheiro da Google afirmou ao Washington Post no sábado que, depois de centenas de interações com o programa avançado de Inteligência Artificial que ainda não foi lançado, acredita que o LaMDA já tem um certo nível de consciência. Depois de muitas críticas recebidas da comunidade de IA a estas declarações, a Google veio a público afirmar que o programa não tem capacidade de sentir.
O LaMDA (de Language Model for Dialog Applications) é um sistema de grande escala treinado em extensos volumes de textos recolhidos da Internet e que pode responder a comandos escritos. Este tipo de sistemas tornou-se cada vez melhor nos últimos tempos, encontrando padrões nos textos e sendo capaz de prever com exatidão o que irá ser escrito a seguir. Os sistemas estão tão avançados que já se torna usual confundir as respostas com as que poderiam ter sido dadas por humanos, explica a CNN.
Blake Lemoine, o polémico engenheiro, afirma ter partilhado evidências de que o LaMDA já estava capaz de sentir, mas que a Google refutou esta crença. A empresa afirma que a equipa de ética e tecnologia reviu “as preocupações de Blake à luz dos nossos princípios de IA e informamos que as provas não suportam estas crenças”. O funcionário escreveu que foi posto em licença paga, situação ligada à investigação em curso e que receava ser despedido em breve, como aconteceu com outros empregados que levantaram preocupações semelhantes no passado.
Um porta-voz da Google confirma que Blake Lemoine está de licença, mas defende que tal se deve a uma violação da política de confidencialidade da empresa.
Na comunidade, Gary Marcus, o fundador e CEO da Geometric Intelligence, escreveu uma publicação de blogue afirmando que o que este tipo de sistemas de IA faz é encontrar padrões e cruzamentos a partir de grandes bases de dados de linguagens e que afirmações de que estes conseguem sentir é um “absurdo”. “Ninguém deve julgar que o auto-complete, mesmo que sob esteroides, seja consciente”, afirma Marcus.
Ainda assim, Blaise Aguera y Arcas, vice-presidente da Google, escreveu que começou a usar o LaMDA no ano passado e que “senti cada vez mais que estava a falar com algo inteligente”.
“Centenas de investigadores e engenheiros interagiram com o LaMDA e não sabemos de ninguém que tenha feito afirmações tão amplas ou que tenham antropomorfizado tanto o sistema como o Blake o fez”, conclui a Google.