Os investigadores da NOVA School of Science and Technology | FTA NOVA contribuíram para a descrição de uma nova espécie de dinossauro titanossauro Abditosaurus kuehnei. Liderado por investigadores do Institut Català de Paleontologia Miquel Crusafont e do Museu Conca Dellà, na Catalunha, em Espanha, no estudo foram analisados os restos escavados na yazida Orcau-1, no sul dos Pirenéus.
O trabalho de campo realizado ao longo de várias décadas desenterrou 53 elementos esqueléticos do espécime. Estes incluíam vários dentes, vértebras, costelas e ossos dos membros, escapular e pélvico, bem como um fragmento semiarticulado do pescoço, formado por 12 vértebras cervicais, que permitiram descrever a espécie.
O esqueleto semiarticulado de 70,5 milhões de anos é o espécime mais completo deste grupo herbívoro de dinossauros descoberto até agora na Europa. O Abditosaurus é também a maior espécie de titanossauro encontrada na ilha Ibero-Armorica – região que compreende a Península Ibérica e o Sul de França -, estimando-se que medisse 17,5 metros de comprimento com uma massa corporal de 14 toneladas.
No artigo da publicação britânica Nature Ecology & Evolution, os investigadores concluem que o Abditossauro pertence a um grupo de titanossauros saltassauros da América do Sul e África, já que se diferencia dos titanossauros europeus que se caracterizam por serem de tamanho menor. Os autores assumem que, provavelmente, esta linha de dinossauros chegou àquela ilha devido à queda global do nível do mar, que reativou antigas rotas de migração entre África e a Europa. Durante o Cretáceo Superior (entre 83 e 66 milhões de anos atrás), a Europa foi um grande arquipélago formado por dezenas de ilhas, e as espécies que ali evoluíram eram pequenas, ou mesmo anãs, em comparação com outras que viveram em grandes áreas, devido à limitação de recursos alimentares nas ilhas.
Embora surpreendido com as grandes dimensões da espécie, Bernat Vila, paleontólogo do Institut Català de Paleontologia (ICP), que liderou a pesquisa, afirmou em comunicado que este “é um fenómeno recorrente na história da vida na Terra, temos vários exemplos em todo o mundo no registo fóssil dessa tendência evolutiva”.
Estas novas descobertas refletem um avanço na compreensão da evolução dos dinossauros saurópodes no final do Cretáceo, para as quais também contribuíram os investigadores do Museu de Lourinhã, da Universidade Autónoma de Barcelona (UAB) e da Universidade de Saragoça (UNIZAR).