O pangolim é o mamífero mais traficado em todo o mundo. O interesse da Medicina tradicional chinesa pelo animal, especialmente pelas suas escamas, faz com que a procura seja muito grande, alimentando um círculo de abate e exportações ilegal. Uma equipa de conservacionistas da Universidade de Cambridge alega ter feito o primeiro grande estudo científico, alimentado com dados, para quantificar as apreensões naquele mercado e perceber qual o seu impacto no mundo.
O estudo mostra que entre 2010 e 2012 foram apreendidos mais de 190 mil quilos de escamas de pangolim, retiradas de entre 800 mil a um milhão de animais. Este número, aponta o EurekaAlert, é semelhante a todo o tráfico de pangolim estimado para o mundo desde 2000, o que indica que os níveis de tráfico são, na verdade, mais elevados do que se calculava.
As rotas dos traficantes passam pelo porto de Hong Kong e nações como a China ou Camboja, saindo de África e passando por França ou Holanda. Das 77 apreensões de que há registo na Nigéria, 26 incluíam também milhares de quilos de marfim, sugerindo que o comércio ilegal de pangolins está a ser montado sobre estruturas de tráfico já existentes.
Apesar de os números impressionarem, os investigadores alertam ainda que estes correspondem apenas aos traficantes que são apanhados, estimando-se que estas apreensões correspondam a um valor entre os dois e os 30% de todo o tráfico.
Charles Emogor, do Departamento de Zoologia de Cambridge, afirma que “os números na nossa investigação sugerem que existe uma subestimação da escala do tráfico de pangolins na Nigéria e em toda a África, o que pode levar a políticas anti-tráfico desajustadas”.
As oito espécies de pangolim estão classificadas como ameaçadas, com três consideradas em perigo crítico. A Nigéria tem produzido legislação e assinado acordos contra este flagelo, ainda assim é o país que mais vezes surge associado a este tipo de crime.