O Bennu não é ‘estranho’ à Terra e já fez passagens próximas em 1999, 2005 e 2011. Agora, a NASA prevê que o corpo celeste, com meio quilómetro de largura, vá assumir uma trajetória que o colocará na posição mais próxima de sempre do nosso planeta, daqui a mais de cem anos, em 2135. A 24 de setembro desse ano, preveem os investigadores, o asteroide passa a 110 mil quilómetros da Terra, um mínimo absoluto e equivalente a menos de um terço da distância entre a Terra e a Lua.
Durante essa passagem, o efeito gravitacional da Terra deverá fazer sentir-se no asteroide e poderá colocá-lo, mais tarde, em rota de colisão com o planeta – o que a acontecer só se materializará em setembro de 2182. Nesta fase, a incerteza sobre o local de passagem exato do Bennu no ponto gravitacional concreto (no ano de 2135) faz com que os cientistas não consigam saber qual a rota que irá seguir depois. Mas as simulações mostram 150 possíveis cenários de impacto, com uma probabilidade acumulada de 1 em 2700 de colisão com a Terra entre os anos de 2135 e 2300.
Davide Farnocchia, do CNEOS (Center for Near Earth Object Studies) da NASA, explica que a força do ‘puxão’ é o equivalente ao peso de duas ou três uvas, o que complica demasiado os cálculos em torno desta situação. “Porque esta aceleração é persistente, o efeito acumula-se ao longo do tempo e torna-se bastante significativo quando chegarmos a 2135”, afirma o investigador. “Os dados da OSIRIS-REx deram-nos informação mais precisa e podemos testar os limites do nosso modelo e calcular a trajetória do Bennu com um elevado grau de certeza até 2135”.
Com estes dados, os cientistas reviram o risco de colisão passando de de 1 em 2700, ou seja, 0,037%, para 1 em 1750, ou seja, 0,057%. Já a probabilidade individual de impacto a 24 de setembro de 2182 é atualmente de 1 em 2700. Valores que são, ainda assim, muito residuais. Fazendo as contas ao contrário, isto significa que há uma hipótese de 99,94% de que o Bennu não acerte na Terra em todos os seus potenciais encontros com o planeta e que especificamente para setembro de 2182 há uma probabilidade de falhar de 99,96%, explica a Associated Press.
A sonda OSIRIS-REx desempenhou um papel fundamental na recolha destes dados, estando no Bennu desde 2018 e colecionado indicadores durante os últimos dois anos e meio. Agora, encetou a sua viagem de regresso, que deve concluir-se em 2023.