O ano termina com um recorde naquela que é considerada como uma das áreas tecnológicas mais promissoras: a energia de fusão nuclear. Na Coreia do Sul, o reator de fusão nuclear conhecido como KSTAR produziu plasma que atingiu temperaturas de 100 milhões de graus centígrados por um período de 20 segundos, estabelecendo um novo recorde e mais do que duplicando o melhor registo anterior que também era seu – em 2018, o plasma no reator tinha atingido e mantido esta temperatura , mas por um período de oito segundos.
A energia de fusão nuclear é um método que consiste na fusão de dois núcleos atómicos leves que dão origem a um núcleo mais pesado. Este processo, que acontece dentro de uma câmara de confinamento magnética (conhecida como tokamak), liberta uma grande quantidade de energia. As altas temperaturas formam um plasma que permite este processo de fusão. O objetivo dos investigadores passa por usar este método para produzir energia – a energia resultante da fusão nuclear é usada para aquecer um líquido, como água por exemplo, e o vapor gerado fará mover turbinas que geram eletricidade. No final, poderá ser produzida até 40 vezes mais energia do que aquela que é consumida através deste método, que é autossustentável e não gera, diretamente, dióxido de carbono.
O que reatores como o KSTAR fazem é replicar a reação de fusão que acontece no Sol. Para ter uma ideia do que foi agora conseguido, o núcleo da estrela do Sistema Solar ‘só’ atinge os 15 milhões de graus centígrados.
Daí a importância do recorde estabelecido pelo reator de fusão na Coreia do Sul. “As tecnologias necessárias para longas operações de plasma a 100 milhões de graus são essenciais para a concretização da energia de fusão nuclear, e o sucesso do KSTAR em manter as altas temperaturas do plasma por 20 segundos vai ser um ponto de viragem importante na corrida para assegurar as tecnologias para longas operações de alta performance com plasma, um componente crítico para a comercialização de um reator de fusão nuclear no futuro”, sublinha Si-Woo Yoon, diretor do centro de fusão nuclear da Coreia do Sul (KFE na sigla em inglês), em comunicado.
De acordo com a publicação New Atlas, o novo recorde deve-se a melhorias aplicadas no módulo que permite o confinamento e a estabilização do plasma na câmara magnética do reator. O KStar ficou completo em 2007, iniciou atividade em 2008 e também já conseguiu produzir plasma a 50 milhões de graus centígrados por um período de 70 segundos.
O recorde do equipamento sul-coreano é anunciado poucas semanas depois de a China ter iniciado as operações de um novo reator de fusão nuclear e poucos meses depois de ter sido iniciada a construção do maior reator do género no mundo – situado em França e que conta com tecnologia e engenharia portuguesa.
Pode saber mais sobre a energia de fusão nuclear na Exame Informática nº 303.