Onde antes se viam mares cheios de gelo, agora registam-se vastos oceanos abertos. A alteração da paisagem deve-se às mudanças climáticas e, naquela região do Ártico, os termómetros estão a marcar o mês de julho mais quente de sempre. Cientistas como Zachary Labe, da Universidade do Colorado, estimam que o mar de gelo no Ártico esteja 500 mil quilómetros quadrados abaixo do recorde mais baixo de que há registo.
Segundo o Mashable, que ouviu vários especialistas, há diferentes fatores que contribuem para estes acontecimentos:
– a Sibéria está a registar temperaturas anormalmente altas, com uma cidade russa a registar mais de 40 graus centígrados, valor recorde para a região e que contribuiu para o degelo;
– vastas regiões de oceano aberto, o que leva a que a temperatura aumente e que esteja demasiado alta para que a água congele ou se mantenha em gelo;
– o gelo marítimo ser mais fino do que a média, o que faz com que derreta mais cedo;
– os ventos que sopram do sul empurram o gelo marítimo para longe da costa onde há mais gelo;
– os valores mínimos que se registam na zona habitualmente verificam-se em setembro, pelo que ainda é cedo para se saber se vamos bater um recorde negativo, mas tudo aponta para o pior cenário.
Por outro lado, os investigadores deixam ainda alertas para o panorama geral negativo que se tem vindo a verificar em diferentes vertentes, na região do Ártico. O aquecimento naquela região está a subir a um ritmo três vezes superior ao do resto do mundo; o degelo no Ártico vai conduzir a eventos como ondas de calor prolongadas noutras áreas do planeta; nos últimos dois anos, a zona foi assolada por incêndios sem precedentes, que contribuíram também para a libertação de grandes volumes de dióxido de carbono para a atmosfera; por último, o desaparecimento dos mares leva a que os ursos polares fiquem sem território de caça, com os cientistas a avisar que muitas subpopulações possam desaparecer nos próximos tempos.
Os cientistas deixam mais um aviso: “Sem a redução de grande escala das emissões de gases poluentes, este tipo de eventos vai ser mais frequente no século XXI. 2020 é só mais um alarme”, sublinhou Labe.