Falta de precisão, elevadas taxas de erro e âmbito limitado são três das vulnerabilidades apontadas aos métodos atuais de edição de genes. O “prime editing” desenvolvido em Harvard promete edições de ADN extremamente precisas, abrindo portas a uma nova era. «Permitir fazer qualquer alteração no ADN em qualquer posição de um célula viva ou organismo, incluindo, potencialmente, pacientes humanos com doenças genéticas», disse David Liu, químico no Harvard Broad Institute e co-autor do estudo.
A edição de genes envolve alterar as quatro bases do código do ADN ao eliminar, inserir, modificar ou uma combinação das três operações. O “prime editing” foi usado em 175 operações de edição de células e os investigadores conseguiram corrigir as mutações genéticas que deram origem a duas doenças em células humanas. Em teoria, esta abordagem conseguiria corrigir 89% das 75112 mutações genéticas que causam doenças, noticia a Cnet.
Importa perceber como funcionam os métodos atuais de edição de gene para se conseguir aferir onde é que o “prime editing” consegue trazer melhorias. O CRISPR é o método poderoso mais recente, que consiste em “tesouras moleculares” usadas para editar o ADN. O processo é propenso a erros, uma vez que os cortes podem ser feitos em pontos diferentes do alvo e induzir erros. Por outro lado, os editores de base são mais precisos, funcionam como “lápis molecular” porque conseguem apagar uma das bases e escrever uma nova letra para corrigir uma mutação. Esta última abordagem perde para a CRISPR em termos de versatilidade. O “prime editing”, segundo Liu, é semelhante a «processadores de texto, capazes de procurar as sequências de ADN alvo e substitui-las com precisão por sequências de ADN editadas», cita a BBC.
Gaétan Burgio, geneticista CRISPR da Universidade Nacional da Austrália e sem afinidades a este estudo, refere que a nova abordagem é versátil e que pode ser executada com grande fidelidade e eficiência, de acordo com o documento a que teve acesso. «A maior limitação que consigo identificar tem a ver com o facto de o editor necessário ser enorme. Isto pode ser problemático, para o integrar em organismos vivos para edição de células vidas».
Com a divulgação pública do estudo, mais investigadores vão conseguir testar este método com diferentes tipos de células e em diferentes modelos, abrindo caminho a uma maior afinação e melhoria do processo.