O pequeno crossover da Nissan já não está assim tão pequeno quanto isso. O novo Juke cresceu, sobretudo no interior. De tal modo, que o espaço para os passageiros de trás e a mala, agora com uns expressivos 422 litros, já não ficam muito longe do oferecido pelo mais crescido Qashqai. Apesar de manter algumas linhas identificativas com o modelo anterior, com destaque para o estilo coupé, a mudança do design é evidente. Consideramos que continua icónico, mas agora com um estilo mais consensual. E este é um daqueles carros que nos parecem bem conseguidos independentemente do ângulo de observação. Os muitos jogos de cores disponíveis para o exterior e o interior são um trunfo importante para atrair um público que cada vez mais valoriza a personalização. Neste aspeto, salientamos as opções bicolor (tejadilho com diferente do resto da carroçaria) e a versão N-Design, em que os clientes podem escolher duas combinações de duas combinações de acabamento de bancos, painel frontal, painéis das portas e apoios para os braços: o Chic disponibiliza um interior com Alcantara e pele em preto, enquanto o Active propõe um habitáculo com pele em preto e cor de laranja. Nesta versão, as jantes de série são muito generosas: 19 polegadas.
Interior mais cuidado
É no interior do carro que se nota a maior evolução. Os bancos pareceram-nos bem conseguidos em termos de envolvência e conforto. Nas versões melhores equipadas, o encosto de cabeça inclui altifalantes Boss para melhorar a experiência auditiva. O que resulta muito bem, até porque este Juke tem um nível de insonorização muito satisfatório. A qualidade dos materiais é muito convincente para a categoria com muitos painéis suaves.
Os nossos olhos são naturalmente atraídos para o ecrã tátil central com conectividade via 4G integrada a partir da versão N-Connecta. O sistema responde rapidamente aos nossos comandos, apesar da distribuição dos menus não nos ter parecido muito bem conseguida. Felizmente, as funcionalidades mais usadas, como navegação, rádio ou informação sobre o carro estão acessíveis através de botões táteis de acesso direto.
Sempre ligado… e capaz de falar
A conectividade permanente mencionada permite algumas funcionalidades apelativas para quem, como nós, valoriza a tecnologia. O sistema de navegação inclui informações em tempo real, como estado do trânsito ou incidentes e obras ao longo do percurso. Dados que são utilizados para otimizar a rota de navegação. Com a funcionalidade adicional de navegação porta-a-porta, o que significa que o sistema é capaz de, em conjugação com o smartphone, continuar a dar instruções ao utilizador mesmo após o estacionamento do carro. Cortesia dos serviços Tom Tom e dos mapas da Google.
A mesma ligação de dados é ainda utlizada para pedir assistência em caso de avaria ou acidente e manter o estado do veículo “debaixo de olho”, com possibilidade de alertar para possíveis falhas e ajudar na marcação das manutenções do carro.
O sistema de infoentretenimento do Juke é o primeiro, entre os Nissan, que pode ser atualizado remotamente. Não só em termos de atualização das funcionalidades já disponíveis, com destaque para os mapas da navegação, mas também no que concerne à própria interface do sistema e adição de funcionalidades.
Há, também, novidades no nível de acesso remoto permitido pela app Nissan Connect. O utilizador pode consultar, à distância, o estado de alguns subsistemas do carro, ativar as luzes ou a buzina, ligar o ar condicionado, trancar/destrancar as portas ou, simplesmente, verificar a posição do carro no mapa. Este controlo apurado e a possibilidade de analisar a forma como o carro foi conduzido pode ser importante para empresas ou em situações de carros partilhados.
Para utilizadores que preferem as soluções da Google ou da Apple, temos boas notícias: o sistema de infoentretenimento do Juke suporta tanto o Android Auto como o Apple Car Play. Ou seja, podemos controlar várias apps executadas no smartphone, incluindo de navegação e streaming de música, a partir do ecrã tátil do carro. Esta capacidade pode ser considerada, em larga medida, redundante considerando as funcionalidades conectáveis já disponíveis no Juke, mas sempre bom dar ao utilizador a opção de escolha. Até porque algumas das funcionalidades mais avançadas com base no 4G (atualização dos mapas e do trânsito, acesso remoto e alertas inteligentes) só são grátis durante os primeiros 3 anos. Após este período, os clientes da Nissan terão de subscrever um serviço pago, embora não tenha sido anunciado qual o valor que será praticado.
A ligação de 4G do carro pode ser partilhada através de Wi-Fi, um serviço pago (a Nissan ainda não tem valores estabelecidos). O que significa que os passageiros podem ligar dispositivos como smartphones, tablets ou consolas portáteis à Internet através da ligação do carro. Muito prático e funcional sobretudo para famílias.
Ainda mais Inovador é o suporte para Google Home, que vai permitir, por exemplo, que o utilizador prepara uma rota de navegação em casa, utilizando interação por voz, rota essa que depois é enviada para o sistema do carro.
Rápido
Não, não estamos a falar do carro propriamente dito, apesar de termos gostado da capacidade de resposta do pequeno motor a gasolina com 117 cavalos de potência. Pareceu-nos ter um desempenho satisfatório para as necessidades da maioria dos utilizadores e consegue níveis de consumo e emissões competitivos – medimos 7l/100 km de média sempre com AC ligado e numa condução despreocupada feita, sobretudo, em estradas de montanha e autoestradas em redor de Barcelona. Voltado ao “rápido”, referíamo-nos à resposta do sistema de infoentretenimento. O ecrã de 8”, que só não é fornecido na versão de entrada de gama (Visia), e as apps reagiram rapidamente aos nossos comandos, incluindo quando usámos o Apple Car Play e o Android Auto. Quem já usa carros com este tipo de tecnologia sabe bem como às vezes as reações são lentas em operações como fazer zoom a um mapa ou pedir um novo destino de navegação através de comandos de voz. Exemplos que correram muito bem na nossa experiência. O sistema foi sempre muito rápido a responder.
ProPilot: um assistente de condução que quer crescer
Um dos opcionais tecnologicamente mais evoluídos, fornecido de série na versão Tekna, é o ProPilot, que já conhecíamos do Leaf e do Qashqai. Um assistente à condução fácil de ativar graças ao botão direto para o efeito disponível no volante e que permite uma condução próxima de autónoma em vias com várias faixas e em situações de trânsito intenso. Quando ativado, o carro é capaz de seguir o veículo da frente, mantendo a distância de segurança, e manter-se na faixa de rodagem, desde que as curvas não sejam “apertadas”. Felizmente, o ProPilot obriga o condutor a manter as mãos no volante para funcionar, o que evita a criar falsas sensações de segurança.
Mas mesmo sem o ProPilot, o Juke vem muito bem equipado no que à segurança ativa diz respeito. Em todas as versões há sistema de anticolisão com deteção de peões e ciclistas, aviso de mudança involuntária de faixa de rodagem, controlo da velocidade de cruzeiro e limitador de velocidade, assistente de máximos e identificador de sinais de trânsito com associação ao controlo da velocidade de cruzeiro. Um pack tecnológico relacionado com a segurança realmente muito bom e que impede ou limita uma série de acidentes. Como opcionais (de série no Tekna) há ainda a câmara de 360 gaus, alerta de trânsito traseiro e intervenção de ângulo morto (reposicionar o carro ativamente). Tecnologias pouco habituais neste nível de preços.
Primeiras impressões
Ficámos muito bem impressionados com o novo Juke. Pareceu-nos um carro muito equilibrado, com uma boa afinação em termos da relação conforto/dinâmica, com espaço q.b. para até funcionar como familiar – sabemos bem que no mercado nacional os compactos fazem muitas vezes de familiares – e com um nível de equipamento tecnológico e, simultaneamente, funcionalidades avançadas nunca antes visto neste segmento. Tudo isto “embalado” no formato crossover, o mais procurado do momento, com um diferenciador e, simultaneamente, consensual. Considerando tudo o que é oferecido, os preços são uma agradável surpresa. A versão base começa abaixo dos €20.000 e a versão que nos pareceu mais equilibrada para os adeptos da tecnologia, a N-Connecta, custa €22.600. Neste aspeto, é importante referir que o novo Juke vai estar disponível numa versão limitada, a Premiere Edition, com design único, equipamento completo e oferta de três anos de manutenção, com um preço de €27.200 ou em modalidade de financiamento que prevê uma entrada inicial de €6133 e uma renda mensal de €160 durante quatro anos. Em suma, parece-nos que vamos ver muitos Juke nas estradas nacionais.