Indignação é definida como um sentimento de revolta provocado por uma afronta, uma ação vergonhosa, uma enorme injustiça, entre outras. Num primeiro olhar, parece ser assim que começam tantos movimentos de direitos humanos, incluindo a Amnistia Internacional.
A 28 de maio de 1961, Peter Benenson escreveu um artigo no jornal “The Observer” intitulado “Os Prisioneiros Esquecidos”, que marcava o nascimento da Amnistia Internacional. Começava o artigo com uma afirmação memorável e que, ainda hoje, tanto sentimos: “Abra o jornal num qualquer dia da semana e encontrará um relato de alguém que foi preso, torturado ou executado (…) O leitor fica com um sentimento de impotência revoltante”. Este sentimento de indignação perante a injustiça, que faz com que sintamos repulsa e revolta, ainda hoje o temos quando diariamente vemos notícias sobre abusos de direitos humanos em Cabo Delgado, na Síria, na China, nas Américas, ou aqui ao lado.
Mas, no artigo publicado há 60 anos, Benenson continuava: “se estes sentimentos de revolta por todo o mundo puderem unir-se numa ação comum, algo eficaz pode ser feito”. E é a isto que a Amnistia Internacional se tem dedicado ao longo destas seis décadas de existência: a unir pessoas em prol dos direitos humanos. O sentimento de revolta e indignação pode até ser o catalisador, mas acontece apenas num momento. O que realmente nos une é a AÇÃO, a resiliência, a ambição e o sonho de um mundo em que os direitos humanos são vividos em pleno, por todas as pessoas, quem quer que seja, onde quer que viva. É este sonho que transforma a indignação em AÇÃO.
Nos últimos 60 anos, tanto mudou. Juntos, conseguimos muitas vitórias, o próprio conceito de “direitos humanos” tornou-se mais presente no nosso quotidiano e, em geral, as sociedades estão mais atentas e com mais vontade de reivindicar os seus direitos humanos, para si e para todas as pessoas. Há, no entanto, ainda muito para fazer. Precisamos de visão de futuro, que alie o sonho às mangas arregaçadas. Nos últimos anos, em momentos de maior cansaço, parece que vemos o mundo a recuar naquilo que são os direitos fundamentais e a retroceder naquilo que julgávamos que já era aceite, que já não trazia dúvida: o racismo, a discriminação, as desigualdades…
Este é um conteúdo muito especial da Amnistia Internacional. Porque permite um olhar longitudinal de como o mundo mudou ao longo destes 60 anos em prol dos direitos humanos, por causa da ação – da Amnistia Internacional, de outras organizações e movimentos e de toda a sociedade. Este olhar permite-nos ver que, quando conseguimos deixar a indignação e passar à AÇÃO, com foco no sonho, o mundo muda mesmo e o futuro torna-se esperança.
A todas as pessoas que fazem da indignação ação, pela esperança e pelo sonho, venham! Vamos continuar a mudar o mundo, por muitos mais anos.
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