A natureza e a música clássica são dois lugares de refúgio. Ambas convidam à calma e à introspecção. Uma paisagem sublime faz o ser humano sentir-se pequeno e ajuda-o a pôr os seus problemas em perspectiva. A música tem o mesmo efeito. Ao ouvirmos uma peça de Beethoven, Shostakovich ou Mozart, sentimo-nos pequenos perante algo de beleza inegável, que já cá estava antes de cá chegarmos e que permanecerá muito depois de partirmos. E isso tem um efeito libertador.
O Festival Internacional de Música de Marvão (FIMM), com a lindíssima paisagem envolvente, une estas duas dimensões – não é por acaso que muitos lhe chamam “A Montanha Mágica”, numa alusão ao romance de Thomas Mann. A 7ª edição decorre entre os dias 23 de Julho e 1 de Agosto e é uma vez mais patrocinada pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML).
Apesar de originalmente vocacionado para a música clássica, o Festival de Marvão tem vindo a abrir-se a diferentes géneros musicais – fado, jazz, música etnográfica portuguesa, entre outros –, num esforço de atrair não só os amantes de música clássica, mas de ser também uma de porta de entrada para novos públicos, contribuindo para a educação musical das novas gerações. É nesta missão de levar a música para fora das grandes cidades e de democratizar o acesso à cultura que os valores do FIMM e da SCML se cruzam, com o objectivo comum de que a música clássica seja fruída por todos, independentemente do grau de instrução ou do nível socioeconómico.
O ponto alto da edição deste ano será, talvez, a série de quartetos de cordas de Beethoven, que decorre ao longo de vários dias, como celebração tardia dos 250 anos do nascimento do compositor, que se assinalavam no ano passado. Mas há também lugar para suítes para violoncelo de Bach e para uma noite totalmente dedicada ao jazz.
Desde 2014, ano da sua primeira edição, o FIMM reúne todos os anos cerca de um milhar de artistas, entre solistas, ensembles e orquestras, provenientes de todos os cantos do mundo. No ano passado o festival teve se ser cancelado, por causa da pandemia, e este ano a edição será mais pequena. Nem a qualidade nem a quantidade de concertos foi comprometida – 30 ao todo, nove dos quais com entrada gratuita –, mas, fruto do distanciamento social, não será possível fazer concertos de orquestra ou com coros muito grandes e, claro, a quantidade de lugares disponíveis é reduzida.
Para quem receava que a edição deste ano também fosse cancelada, esta é uma excelente notícia. Está é na hora de correr porque os bilhetes, disponíveis através do site, já são poucos. Boa sorte.