A vida política, social e económica deste País tem andado numa verdadeira roda-viva desde o início do ano. Mas enquanto ainda tentamos apanhar os estilhaços de um caso, já estamos a ter de olhar para outro – e dificilmente conseguimos perceber qual deles se vai tornando mais importante, ou menos. Na verdade, a quantidade de disparates com que vamos sendo confrontados todos os dias até torna complexo acompanhar a evolução de cada um dos que teimam em surgir.
Esta semana tem sido marcada por, não uma, mas duas sequelas de filmes importantes – e daquelas que fazem adivinhar que vão ter pelo menos mais umas dez, ao estilo Velocidade Furiosa. Primeiro, os ecos da inacreditável conferência de imprensa que a Conferência Episcopal Portuguesa protagonizou na passada sexta-feira. Com a Igreja Católica sem conseguir entender-se, vão-se multiplicando as vozes dentro de uma instituição que está ferida [possivelmente de morte] enquanto muitos tentam salvar a pele esquecendo o mais óbvio: não há desculpa possível para o que aconteceu, e é preciso assumir erros, entender que crimes não podem ser acobertados e deixar de se dizer disparates como “indemnizar as vítimas seria insultuoso”. A hierarquia da Igreja não está a saber lidar com o desaparecimento do véu de impunidade que sempre a cobriu, mas, agora mais do que nunca, é hora de aplicar aquilo que dizem as Sagradas Escrituras: “Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará (Jo 8,32).