Os antigos diziam que o investimento mais seguro do mundo era comprar uma casa. Salvo uma hecatombe – e entretanto até houve algumas – livrava-nos de precalços e era um bem de recurso perante uma tragédia financeira inesperada na nossa vida. Em parte, esta narrativa ainda soa a verdade, mas muitos dos que hoje têm habitação que julgam própria vivem no “conforto pobrezinho do seu lar”, sem saber como pagá-la ao banco em tempos de juros arrepiantes. Quem “varrer” os anúncios à procura de uns remediados metros quadrados nos arrabaldes terá, mesmo assim, a sensação de folhear um catálogo imobiliário das arábias. Na verdade, o que temos é o eterno País do triste fado. Mas com manias de grandeza e uns quantos patos-bravos.
Ontem à noite chegou, com estrondo, a confirmação do irreal que habitamos: há mais de 30 anos que os preços das casas não aumentavam tanto. Os números são esmagadores. E espremem os sonhos de gerações, sobretudo as mais jovens, para quem a compra de uma casa se revela uma utopia ou, no mínimo, um labirinto.
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