Enquanto Flávio Dino, ministro da Justiça do Brasil, afirmava que as autoridades tinham apreendido 40 autocarros e já estavam na posse de uma lista de nomes que financiaram a ida dos manifestantes para Brasília, ia caindo o mito do “golpe de estado” espontâneo, tentativa levada a cabo pelo povo inconformado com a perspetiva de ter Lula como presidente.
Não foi assim que aconteceu. Nem no 8 de janeiro brasileiro nem no 6 de janeiro americano, como está já largamente demonstrado. Mais de metade dos invasores do Capitólio era “formada por pequenos empresários, ‘white collar’ [trabalhadores não braçais, de funções administrativas]. Havia médicos, gerentes, arquitetos”, explicou Robert Pape, autor de um estudo da Universidade de Chicago.