A atualidade política nacional acelerou, nestes primeiros dias do ano, como um carrossel enlouquecido. Sinal de desgaste ou de maior exigência da nossa democracia?
A moção de censura apresentada pela Iniciativa Liberal que ontem se discutiu na Assembleia da República foi motivada pelo estrondo da polémica saída, na semana passada, de Alexandra Reis do cargo de secretária de Estado do Tesouro, ao fim de menos de um mês do cargo. Mas na tarde desta quinta-feira, em São Bento, isso parecia já um longínquo pano de fundo (e até é verdade que já vem do ano passado…). Uma nova figura, também secretária de Estado, foi-se tornando protagonista do debate, depois das notícias matinais que davam conta do arresto de contas que partilhava com o marido, ex-Presidente da Câmara de Vinhais, na sequência de um processo judicial. Carla Alves, que tinha tomado posse na tarde anterior, foi um nome cada vez mais repetido e o primeiro-ministro António Costa várias vezes se viu obrigado a defender a sua nomeação, assegurando que tinha todas as condições para continuar no cargo (“Vou demitir uma mulher porque o marido foi acusado?!”, enfatizou). Ainda as luzes do hemiciclo não se tinham apagado e já o Presidente da República não precisava de usar mais de três palavras para exercer o seu poder.